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Um ano memorável para a Plan no Brasil

Tempo de leitura: 6 minutos

10 de dezembro de 2024 - Tempo de leitura: 6 minutos

A retrospectiva de 2024 relembra a doação recebida em abril, estudos relevantes e premiações no Melhores ONGs, além de destacar a participação da Plan no G20 Social e as ações no Meninas Ocupam

Em 2024, a Plan International Brasil recebeu a maior doação de sua história no país: a filantropa americana MacKenzie Scott fez uma doação única e irrestrita de US$ 8 milhões para uso exclusivo no Brasil. MacKenzie é cofundadora da Amazon e signatária do Giving Pledge, um compromisso público de doar 50% de seu patrimônio em vida. A doação, recebida em abril, marcou o encerramento de um processo de auditoria chamado de “pesquisa silenciosa” em que o escritório brasileiro da Plan participou de algumas reuniões e enviou documentos e materiais a uma consultoria, sem saber por qual organização filantrópica estava sendo avaliado.

A partir da doação, a Plan iniciou a campanha interna Infinitas Possibilidades, com o número oito usado na horizontal, simbolizando o infinito. Ao longo dos próximos anos, os recursos financeiros da doação permitirão realizar tanto ações internas quanto ampliar o alcance de programas, projetos e outras ações de incentivo à defesa de direitos e à promoção do protagonismo de crianças e adolescentes, em especial das meninas. “Foi uma alegria imensa receber a doação de MacKenzie Scott para a Plan. É um orgulho para nós e temos consciência da enorme responsabilidade que uma doação nesse volume nos traz”, afirma Cynthia Betti, CEO da Plan International Brasil.

Como uma das primeiras ações, a Plan lançou no Dia da Menina (11/10) o edital para o Fundo Acelere o Relógio da Igualdade, que disponibilizará R$ 400 mil para o financiamento de iniciativas e projetos sociais liderados por meninas, jovens mulheres, coletivos e organizações da sociedade civil para acelerar o avanço da igualdade de gênero no Brasil, fortalecendo meninas em toda sua diversidade. O fundo encerrou suas inscrições em novembro com sucesso e vai anunciar as iniciativas contempladas em 8 de março de 2025.

O lançamento do edital também marcou uma nova etapa da campanha Acelere o Relógio da Igualdade, já que o relógio do Fórum Econômico Mundial apontou que o mundo deu passos para trás na igualdade de gênero, aumentando de 131 para 134 anos o tempo necessário para a paridade total no mundo – o que equivale a cinco gerações.

Durante todo o ano, a Plan implementou diversas iniciativas voltadas para o desenvolvimento e a proteção de crianças e adolescentes, com foco especial em comunidades com maior índice de vulnerabilidade. No total, foram 137 comunidades atendidas e mais de 536 mil pessoas beneficiadas diretamente.

Com todas essas ações, a Plan se manteve entre as 100 Melhores ONGs do país e foi novamente escolhida como a Melhor ONG do Maranhão, além de renovar o Selo Doar de Gestão e Transparência como uma organização certificada com o Selo A+. Ainda no plano institucional, a Plan fez mudanças no Conselho Curador – que realizou visitas às comunidades atendidas no Maranhão e no Piauí –, ampliou os comitês técnicos e deu as boas-vindas a uma nova embaixadora, Viviane Elias.

Nossa primeira Bienal do Livro

A coleção A Revolução das Princesas ganhou um novo livro: A Revolução da Catí – Em busca da Semente da Vida, inspirado nas histórias de Catarina Guató e sua jornada de amor e cuidado para reflorestar o Pantanal. O livro foi escrito por Gleycielli Nonato Guató, ilustrado por Alexandra Tupi Krenak, ambas indígenas, e contou com o design de Luana Coelho. Lançada com exclusividade na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, a obra conta a história da menina Catí Guató, que vive em sua aldeia com um filhote de onça-pintada de estimação. Juntas, elas saem da aldeia em busca de uma semente especial capaz de trazer de volta as cores e a vida que o Guadakan (nome indígena do Pantanal) perdeu quando o fogo chegou à região.

Ações de projetos

O Programa Adolescente Saudável (PAS), uma parceria da Plan com a AstraZeneca, levou o jovem Julio ao One Young World Summit, realizado no Canadá. No evento, ele representou o país levando temas como saúde mental, mudanças climáticas e sustentabilidade para o debate. Julio destacou o contexto brasileiro, demonstrando como jovens podem se tornar lideranças transformadoras em suas comunidades e além delas.

A juventude também foi tema da “Jornada Legislativa sobre Infância, Adolescência e Juventude”, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Com foco em temas como saúde mental, mudanças climáticas e violências, a Plan apresentou resultados do estudo sobre saúde mental e bem-estar de adolescentes e ressaltou a eficácia do PAS em ambientes escolares. A presença da Plan também incluiu a representação da CliCA – Coalizão pelo Clima, Crianças e Adolescentes, destacando os impactos das mudanças climáticas nas populações mais vulneráveis.

No Maranhão, o projeto Ciranda lançou o Cardápio de Jogos e Brincadeiras em Comunidades Quilombolas. O material, que resgata tradições e brincadeiras populares das comunidades quilombolas, foi construído em colaboração com as próprias comunidades, fortalecendo laços de respeito e confiança e reafirmando o compromisso da Plan com a valorização e o empoderamento das culturas locais.

Em São Paulo, a Plan iniciou o projeto Líderes da Mudança, realizado nas dependências da organização parceira Liga Solidária, usando o esporte como ferramenta para promover atividades relacionadas à igualdade de gênero e direitos das meninas. E no Piauí, o projeto Cambalhotas recebeu verba do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania para fortalecer a proteção e o desenvolvimento integral de meninas e meninos de 3 a 6 anos por meio das ações de multiplicação protagonizadas por profissionais da educação com base nas temáticas de prevenção às violências e promoção de espaços saudáveis. No total, serão beneficiadas 1.080 crianças de 3 a 6 anos matriculadas em 24 escolas parceiras situadas em áreas rurais, semiurbanas e urbanas de Teresina.

Meninas Ocupam, estudos e campanhas

Em 2024, o protagonismo das meninas foi amplamente celebrado no Meninas Ocupam. Foram 37 ocupações, que reuniram mais de 100 meninas em São Paulo, São Luís, Codó, Teresina e Salvador. Em São Paulo, as meninas estiveram no Tribunal de Justiça do Estado, no Metrô, na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, na AstraZeneca, na Nivea e no Instituto Moreira Salles, entre outros. Em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, visitaram a fábrica da Kimberly-Clark e estiveram no Ministério Público e na Chlorum Solutions. Em Teresina, ocuparam a Defensoria Pública do Piauí e o Ministério Público. Já no Maranhão, também estiveram na Defensoria Pública e ocuparam o Ministério Público e o Instituto Federal, em São Luís, além da sede da OAB em Codó.

Ao longo do ano, a Plan divulgou estudos importantes. Em parceria com a CNN As Equals, lançou a pesquisa Resiliência Digital – Meninas e jovens mulheres em busca de um futuro digital mais seguro, que aponta que todos os dias pelo menos uma a cada 10 meninas e jovens mulheres (11%) sofre assédio on-line e quase 40% delas foram assediadas no mínimo uma vez por mês. Na prática, isso significa que quase metade das 624 meninas e jovens mulheres de 13 a 24 anos participantes relatou ver ou receber imagens ou vídeos sexuais indesejados, e 25% enfrentaram discriminação ou discurso de ódio.

Em outra frente, o estudo Os impactos da desigualdade de gênero no trabalho do cuidado e suas consequências para as meninas se dedicou a entender a divisão do trabalho doméstico e de cuidado na vida das meninas. A pesquisa trouxe à tona o impacto desse trabalho invisível sobre a saúde mental, as aspirações e o acesso dessas meninas a direitos básicos.

No Maranhão, o Estudo de Contexto – Mudanças Climáticas e Insegurança Alimentar no Triângulo dos Cocais Maranhenses analisou os riscos e impactos causados pelas mudanças climáticas em um nível municipal e comunitário. A pesquisa também se propôs a entender como esses riscos e impactos interferem na segurança alimentar das comunidades dos municípios de Codó, Peritoró e Timbiras, na região conhecida como Triângulo dos Cocais Maranhenses.

Na frente de campanhas, a Plan se uniu ao Me Too Brasil na Campanha Cartão Vermelho, com foco no combate ao assédio nos estádios de futebol. A iniciativa lançou uma pesquisa para mapear os casos de assédio nos estádios do Brasil para pressionar entidades e patrocinadores a tomarem uma atitude contra o assédio, tendo em mente que o Brasil vai sediar a Copa do Mundo de Futebol Feminino em 2027.

Outra campanha, com foco em inteligência artificial, provocou a reflexão sobre os futuros possíveis para as meninas, destacando que isso não é um sonho distante, mas uma possibilidade real que pode ser alcançada com o apoio de todas as pessoas.

E para o Dia de Doar, a Plan se uniu novamente a empresas e organizações para estimular doações. Foram parcerias com Uber, Gift Aid, Restaurante Mistura, Terraço Gastronomia e Abracom.

Incidência política

O ano de 2024 também marcou a participação importante da Plan na secretaria executiva do grupo Crianças no G20, para que, pela primeira vez em uma reunião do G20, crianças e adolescentes tivessem voz ativa para compartilhar suas preocupações e prioridades com lideranças globais.

A Plan e a ONG Save the Children lideraram, em parceria com a Joining Forces, o Movimento Mundial pela Infância na América Latina e no Caribe, e o próprio grupo Crianças no G20, uma consulta global com mais de 50 mil crianças e adolescentes em cerca de 60 países sobre temas prioritários para o G20. O resultado dessa consulta global gerou uma carta, que foi entregue por adolescentes brasileiras a lideranças do fórum.

Em paralelo à entrega da carta, crianças e adolescentes participaram de um evento para discutir temas relevantes ao presente e o futuro delas. A Tenda das Crianças reuniu mais de 60 crianças e adolescentes, entre 10 e 14 anos, de escolas municipais do Rio de Janeiro, para participar de oficinas temáticas com foco em mudanças climáticas, saúde mental e economia do cuidado.

Para garantir os direitos de crianças e adolescentes, ao longo do ano a Plan também emitiu notas de repúdio contra projetos de lei e de emendas constitucionais que podem violar direitos já assegurados.