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Por que o acesso à água é importante para a igualdade de oportunidades para as meninas

Dia 22 de março foi celebrado o Dia Mundial da Água e o uso desse recurso natural volta a ser tema de debates. Saiba como a falta de acesso à água tratada afeta diretamente as meninas e conheça os projetos da Plan que conscientizam sobre o meio ambiente e o uso sustentável de recursos

No mundo todo, se uma casa não tem acesso à água encanada, há 80% de chances de uma menina ou uma mulher ser responsável pela tarefa de buscá-la em um rio, açude, poço artesiano. No Brasil, quase 35 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada em casa, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Na prática, a tradução desses números para o cotidiano tem impacto profundo, com consequências muito negativas para toda a sociedade.

A Plan International Brasil está preocupada com o desenvolvimento das meninas e com a influência que o acesso à água tem em suas vidas. Uma das iniciativas nesse sentido é o projeto Água, Saúde e Vida, que promove a melhoria da qualidade de vida de famílias por meio do fornecimento de água potável para comunidades no Maranhão, em especial na região de Codó. Essas comunidades eram frequentemente afetadas por doenças transmitidas pela água contaminada. A Plan está promovendo uma campanha on-line com o tema “O acesso à água torna a vida das meninas mais saudável e segura” para despertar a atenção das pessoas para o tema.

Outro projeto que segue a temática ambiental é o recém-lançado Ilha do Futuro, que tem o objetivo de contribuir para a transformação social de comunidades semiurbanas em São Luís, no Maranhão. As atividades terão como base temas como prevenção de desastres, estímulo e promoção de atitudes sustentáveis, preservação do meio ambiente, mitigação dos riscos e danos ambientais em todas as suas áreas de intervenções. O Ilha do Futuro será realizado em parceria com a Defesa Civil Municipal, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos, por meio do Departamento de Educação Ambiental, a Secretaria Municipal de Educação, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e o Greenpeace.

O tamanho do problema
Quando a casa não tem acesso à água, a rotina de meninas e mulheres é mais afetada tanto para a coleta da água em si quanto com os cuidados quando alguém da família adoece. O impacto no tempo produtivo delas é 10% maior que o dos homens, segundo o estudo O Saneamento e a Vida da Mulher Brasileira, coordenado pelo Instituto Trata Brasil. A pesquisa aponta que a falta de acesso à água aprofunda as desigualdades sociais. Ter água e esgoto em casa tiraria imediatamente 635 mil mulheres da pobreza, a maior parte delas negras e jovens.

A pesquisa destaca ainda a relação entre acesso à água e ao saneamento básico e o desempenho escolar das meninas. Meninas sem acesso a banheiro tiram notas menores, com 46 pontos a menos que a média na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), por exemplo. Elas também apresentam mais atraso escolar e menos perspectivas de trabalho, já que a nota do Enem é usada para o ingresso em universidades públicas e privadas. Entre as cerca de 1,5 milhão de mulheres sem banheiro em casa, a renda média é 73,5% menor que a média das mulheres trabalhadoras que têm banheiro onde vivem.

“Os números nos mostram objetivamente como a questão da água é também uma discussão de gênero. Meninas e mulheres são mais impactadas. Ao buscar água ou ao usar espaços públicos como banheiro, o risco de assédio e violências físicas e sexuais aumenta”, afirma Cynthia Betti, diretora-executiva da Plan International Brasil. Lidar com o período menstrual sem acesso à água em casa e a banheiros também é muito mais complicado, o que aumenta o afastamento das meninas da escola durante a menstruação e provoca faltas das mulheres no trabalho.