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10 coisas para saber a respeito da menstruação

Tempo de leitura: 5 minutos

Processo natural e saudável ainda é tabu na sociedade. A Plan promove projetos que lidam diretamente com a saúde menstrual e iniciou uma campanha para distribuir absorventes para pessoas de baixa renda. Saiba como participar!

A menstruação faz parte da vida 300 milhões de meninas e mulheres ao redor do mundo todos os dias. Mas esse processo natural e saudável ainda é cercado de tabu. Por causa da resistência da sociedade em discutir o tema abertamente, apenas recentemente teve início o debate sobre a pobreza menstrual, que se define como a escassez de condições básicas para se praticar a higiene menstrual. O assunto ganhou ainda mais destaque devido ao veto presidencial a um artigo do PL nº 4.968/2019, que previa a distribuição gratuita de absorventes para meninas e mulheres de baixa renda. A Plan, junto a dezenas de organizações, assinou um ofício de repúdio, que foi enviado a deputados e senadores, solicitando a derrubada do veto. A Plan também iniciou uma campanha de arrecadação de recursos para distribuir absorventes a pessoas em situação de vulnerabilidade social, que já recebeu apoio do apresentador Luciano Huck. Você pode doar aqui a partir de 6 reais.

Conheça 10 fatos interessantes e pouco discutidos sobre a menstruação:

1. Ao longo da vida, mulheres têm em média 450 ciclos menstruais
Desde quando menstruam pela primeira vez (a chamada menarca) até atingirem a menopausa, as mulheres menstruam, em média, 450 vezes, de acordo com um estudo feito com 860 mulheres em 2008. Isso significa que as mulheres e meninas passam, em média, cerca de 7 anos de sua vida menstruando.

2. Mulheres sangram menos do que imaginam
Pode parecer mais, mas durante um período menstrual, mulheres e meninas perdem apenas 60 ml de sangue em média, volume que corresponde a apenas quatro colheres de sopa. Uma pequena parcela – de 9 a 14% – tem ciclos considerados pesados, em que perdem mais de 80 ml de sangue.

3. A menstruação ainda é cercada de tabu
Segundo uma pesquisa feita pela Plan International no Reino Unido, dois terços das mulheres não se sentem confortáveis para conversar sobre seu ciclo menstrual com seus pais ou amigos do sexo masculino. A pesquisa também apontou que 1 em cada 10 mulheres não se sente à vontade nem para falar com suas amigas sobre o tema. O documentário Absorvendo o Tabu abordou o estigma que ainda cerca a menstruação e foi vencedor do Oscar 2019.

4. Existem mais de 5 mil eufemismos para menstruação no mundo todo
Um sinal de que a menstruação ainda é um tabu é o fato de que as pessoas evitam falar a palavra menstruação. Uma pesquisa feita com usuárias de mais 190 países de um aplicativo de monitoramento do ciclo menstrual, concluiu que existem mais de 5 mil eufemismos para se referir à menstruação em diferentes línguas. No Brasil, alguns exemplos são expressões como “estar de chico” ou “estar naqueles dias”, como destaca o livreto Menstruação sem vergonha e sem tabu, resultado de uma parceria entre a Plan International Brasil e a SEMPRE LIVRE, marca de cuidados femininos da Johnson & Johnson.

5. 80% das brasileiras relatam sofrer com TPM
A tensão pré-menstrual, conhecida pela sigla TPM, é caracterizada por uma série de sintomas que antecedem o período menstrual. Apesar de variarem em cada mulher, alguns deles são desconforto, ansiedade, inchaço e compulsão alimentar (especialmente o desejo de comer guloseimas). Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), 80% das mulheres sofrem com esse problema, que pode ser minimizado com alimentação balanceada e um estilo de vida saudável.

6. Existem várias opções de produtos de higiene menstrual
Os absorventes internos e externos não são as únicas formas de conter o sangue durante o período menstrual. Outras opções são o coletor menstrual (dispositivo de silicone que é inserido dentro da vagina) e a calcinha absorvente (que pode ser lavada e reutilizada). É importante lembrar que ter um método para conter o sangue é apenas uma parte da higiene menstrual. O acesso a água, sabonete e banheiros que tenham as condições necessárias para que a mulher realize sua higiene menstrual de forma digna são essenciais.

7. Muitas meninas e mulheres não têm acesso à higiene menstrual adequada
Segundo um levantamento feito pela Plan International no Reino Unido, três em cada 10 meninas tiveram dificuldade de acessar produtos de higiene menstrual durante a quarentena pela pandemia de Covid-19. Mais da metade das meninas (54%) relataram terem usado papel higiênico no lugar de absorventes. Essa é a chamada pobreza menstrual. “A falta de produtos de higiene menstrual e também a falta de educação sobre menstruação, assim como a falta de acesso à água e ao saneamento adequados, passam a ser um problema social e não um problema individual. Por isso é tão importante fazer essa discussão socialmente”, afirma Nicole Campos, gerente de estratégia de programas da Plan.

8. Escolas devem estar preparadas para receber meninas menstruadas
É importante que as escolas tenham uma infraestrutura adequada para que as alunas possam praticar a higiene menstrual de maneira digna. Isso inclui banheiros com papel higiênico, água, sabão e pia, além de portas para dar privacidade às meninas. “A gente sabe que muitas meninas podem faltar à escola pela falta de privacidade no banheiro, pela falta de um produto adequado para fazer a coleta do sangue e assim sair de casa”, afirma Nicole. Por isso, com o apoio da Kimberly-Clark, por meio da marca Neve, este ano, o projeto Escola de Liderança para Meninas, da Plan, promoveu a reforma de nove banheiros em escolas públicas de Teresina, no Piauí. No geral, as estudantes relataram a necessidade de ter disponíveis papel higiênico, cestos de lixo e sabão para lavar as mãos. Também pediram mais vasos sanitários, mais torneiras e pisos antiderrapantes. As meninas falaram especificamente sobre a importância de ter absorventes disponíveis no banheiro da escola, pois algumas deixam de ir às aulas quando estão menstruadas. Elas também pediram a instalação de trincos para garantir sua privacidade, espelhos e chuveiros. Segundo o Unicef, mais de 60% das adolescentes e jovens que menstruam já deixaram de ir à escola ou a outro lugar que gostam por causa da menstruação.

9. Lidar com a pobreza menstrual faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Segundo Nicole, alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU estão direta ou indiretamente ligados à saúde menstrual. O objetivo 4, que diz respeito à educação de qualidade, é um deles, já que muitas meninas deixam de frequentar a escola por causa da menstruação. “O objetivo 5, da igualdade de gênero, está muito relacionado às normas sociais, às desigualdades de gênero, e isso se relaciona com a questão dos tabus e mitos em torno da menstruação”, diz Nicole. O objetivo 6, sobre água potável e saneamento, também é muito importante para que as meninas consigam praticar uma higiene menstrual adequada. O objetivo 8, sobre trabalho decente e crescimento econômico também está ligado à saúde menstrual, segundo Nicole, já que existem pesquisas que apontam que as mulheres faltam pelo menos seis vezes por ano ao trabalho por causa da falta de acesso a produtos de higiene menstrual.

10. Na Escócia, produtos menstruais são gratuitos
A Escócia é o primeiro país do mundo a garantir a obrigatoriedade do fornecimento de produtos de higiene menstrual gratuitamente para a população. O projeto de lei foi aprovado pelo parlamento escocês em novembro de 2020. No Brasil, também existe um movimento para reivindicar iniciativas semelhantes. Em dezembro de 2020, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos fez uma recomendação oficial ao presidente da República, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal a respeito da necessidade de criar um marco legal para superar a pobreza menstrual no Brasil. O estado do Rio de Janeiro já se moveu nesta direção, sancionando em julho de 2020 uma lei para incluir absorventes na cesta básica.

Apesar de alguns avanços em nível estadual, o presidente Jair Bolsonaro vetou, no dia 7 de outubro, a distribuição gratuita de absorventes para pessoas de baixa renda, que constava no projeto de lei nº 4.968/2019, aprovado pelo Congresso Nacional e pelo Senado Federal. A proposta institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. As beneficiárias do Programa seriam estudantes de baixa renda matriculadas em escolas da rede pública de ensino, pessoas em situação de rua, em situação de vulnerabilidade social extrema e apreendidas e presidiárias. O PL ainda previa a inclusão dos absorventes higiênicos como item essencial das cestas básicas.