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Pais têm papel importante na prevenção da gravidez na adolescência e do casamento precoce

Campanha “Paternidades Participativas”, do projeto La League, incentiva os pais a serem mais presentes na vida de suas filhas

pai ao lado de sua filha sorrindo

A pandemia de Covid-19 aumentou o risco de casamento infantil para muitas meninas. Dados do Unicef estimam que, ao longo desta década, 10 milhões de casamentos infantis poderão ter ocorrido em decorrência da pandemia. O fechamento das escolas, a redução das redes de apoio e o aumento da pobreza estão entre os fatores que ajudam a explicar a tendência. Diante desse cenário, uma ferramenta importante para prevenir que meninas acabem se casando e engravidando precocemente é a participação ativa dos pais em sua vida.

A campanha “Paternidades Participativas”, do projeto La League, chama a atenção para o papel dos pais na formação das meninas e, consequentemente, na prevenção do casamento infantil e da gravidez na adolescência. Este é um problema sério no Brasil, que aparece no quinto lugar no ranking dos países com maior número absoluto de casamentos envolvendo meninas com menos de 18 anos, segundo dados da ONU compilados pela organização Girls Not Brides. Atualmente, o país está atrás apenas de Índia, Bangladesh, Nigéria e Etiópia.

Nicole Campos, gerente de estratégias de programas da Plan, observa que o casamento infantil vem, muitas vezes, como consequência da gravidez na adolescência. Falando sobre essa questão, a diretora executiva da Plan International nas Américas, Débora Cóbar, afirmou que a pandemia limitou três fatores decisivos no combate à gravidez na adolescência: acesso aos sistemas de saúde, acesso à informação sobre saúde sexual e reprodutiva e acesso a serviços de assistência. “Os governos da região devem concentrar seus esforços na correção dessas deficiências, para que não se percam todos os avanços registrados na erradicação desse problema”, enfatizou.

No Brasil, o projeto La League já tem como uma de suas principais missões prevenir a gravidez na adolescência e o casamento infantil utilizando o futebol para transformar as convenções de gênero e empoderar as meninas. Pais e meninos, engajados pelo futebol, são envolvidos no esforço para atingir a igualdade de gênero.

A nova campanha do projeto vai enfatizar ainda mais o papel da paternidade participativa, convidando os pais a refletirem sobre as normas sociais por vezes machistas que regem a maneira como as meninas são educadas. “Uma campanha de paternidade participativa é muito importante para que os pais apoiem suas filhas principalmente na prevenção da gravidez na adolescência e do casamento infantil”, afirma Nicole. “Esse cuidado vem muitas vezes das mães, que passam mais tempo com as meninas, mas os homens também têm um papel crucial nisso.”

Focada principalmente nas comunidades de Codó e Timbiras, no Maranhão, onde atua o La League, a campanha será feita por meio de spots de rádio, outdoors, vídeos e cards a serem compartilhados por WhatsApp.

Nicole observa que é importante os pais entenderem o casamento infantil também como uma questão de gênero, já que a maior parte das crianças e adolescentes em uniões formais ou informais são meninas. “Que eles exerçam uma educação que leve em conta a igualdade de direitos entre meninos e meninas, que os pais possam incentivar as meninas a buscar todo o potencial para estudos, esportes, artes, cultura, atingir seus objetivos, tecer metas para sua vida, enxergar oportunidades, desenvolver habilidades. Tudo isso contribui para a prevenção do casamento infantil”, afirma.

Para José Francisco Brito Dutra, que participou de encontros do La League pelo YouTube, a importância do diálogo foi uma lição importante. “Aprendi muita coisa, até porque eu trabalho o dia todo, o único tempo que estou em casa é à noite e como chego cansado por causa da correria, às vezes não converso com as meninas. Com os encontros aprendi que devo falar mais com elas”, disse. Por meio dos conteúdos do projeto, ele afirma que entendeu que a responsabilidade de estar presente não é apenas da mãe. “Sou padrasto, mas elas me respeitam como pai e eu preciso estar presente na vida delas, conversando e ajudando. Falando sobre tudo mesmo com elas, sobre sexo e a gravidez porque é uma coisa séria, e eu tenho que falar, né? Porque não é só a mãe delas, eu também tenho que estar presente.”