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A parceria estimula a Plan que utiliza o futebol como ferramenta em projetos como La League e Líderes da Mudança para promover a igualdade de gênero, combater o casamento infantil e evitar a gravidez não intencional na adolescência

“Nas aulas de Educação Física, os meninos sempre ficavam com a bola e as meninas, com o bambolê. Pedimos para a professora trocar, mas na nossa vez, os meninos entravam no meio. A professora não queria bater de frente e a gente nunca ficava com a bola”, conta Hellen, de 17 anos, ex-participante do projeto La League, em Codó, no Maranhão. Ela destaca que vê mais meninos no futebol tanto nas ruas quanto em jogos profissionais. “É como se as meninas fossem desvalorizadas nesse espaço.”

O La League e o Líderes da Mudança são projetos que usam o futebol como ferramenta para trabalhar vários temas, como o combate ao casamento infantil e a prevenção à gravidez não intencional na adolescência. Os números brasileiros levantam um alerta: o país está na quinta posição no ranking mundial de casamentos infantis em números absolutos, atrás somente da Índia, de Bangladesh, da Nigéria e da Etiópia. Por aqui, cerca de 26% das mulheres se casam ou estão em uma união informal antes dos 18 anos. Uma das causas – e também das consequências – dessas uniões é a gravidez não intencional. Em 2020, cerca de 380 mil partos foram de mães com até 19 anos. Isso corresponde a 14% de todos os nascimentos no país durante aquele ano.

“A gravidez na adolescência e o casamento infantil são muito comuns aqui na minha comunidade”, diz Edinalva, de 18 anos. Para ela, uma das principais consequências disso é o abandono escolar. “Elas vão se casar e pode acontecer de não terem o apoio da família. O pai pode colocar para fora de casa e ela ter que se virar sozinha para cuidar do filho. Muitas vezes, quando as meninas engravidam, o pai da criança não quer nem saber”, afirma Edinalva.

Hellen e Edinalva fizeram parte do projeto La League, em Codó, em uma etapa que começou em 2018. Criado na Holanda, o La League reuniu, em um primeiro momento, três entidades: a Plan International, a Fundação Cruyff e a Women Win. Nesta nova fase do projeto, iniciada em 2022 na região metropolitana de São Luís, também no Maranhão, o La League é conduzido apenas pela Plan. Até junho do ano que vem, vai beneficiar diretamente 280 jovens, sendo 175 meninas e 105 meninos. Na primeira fase, o La League entregou uma quadra poliesportiva na cidade de

Timbiras, próxima a Codó, no Maranhão. A Cruyff Court Maria Angela Machado foi a primeira quadra que a Fundação Cruyff construiu na região Nordeste, depois de entregar unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro. O projeto também recebeu a visita de Sarina Wiegman, ex-jogadora e ex-treinadora da seleção holandesa de futebol feminino, agora à frente da seleção inglesa que disputa a Copa do Mundo. Sarina conheceu a rotina das participantes do projeto e promoveu um dia de treinamento com elas.

Apoio ao futebol feminino

Com o objetivo de incentivar o futebol feminino, a Plan e o clube Botafogo de Futebol e Regatas, por meio de sua ação #AHoraDelas, fecharam uma parceria para o La League. O clube dará ingressos das partidas para a Plan, além de promover conteúdo sobre a parceria em suas redes sociais. A ação também inspira as meninas que participam dos projetos, como a jovem maranhense Vânia, que participou do La League em Codó, e é uma das jogadoras da equipe de base feminina do próprio Botafogo.

Além do Botafogo, a Plan já teve também uma parceria de divulgação com o Esporte Clube Bahia, que participou de uma ação do Dia Internacional da Menina e distribuiu livros da coleção A Revolução das Princesas à comissão técnica. Globalmente, a Plan, que tem sede na Inglaterra, já teve uma parceria com o Chelsea Football Club, que também contribuía para divulgar a causa de crianças e adolescentes, especialmente de defesa dos direitos das meninas.