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Iniciativa de meio ambiente e mobilização social também trabalha questões relacionadas à justiça climática e seus impactos

A Plan International Brasil e a Alcoa Foundation lançaram no final de abril o projeto Comunidades Pelo Clima, que vai atuar diretamente em nove comunidades da região Sul da ilha de São Luís (MA) em atividades relacionadas ao meio ambiente e à mobilização social com o objetivo de aumentar as capacidades de comunidades em situação de vulnerabilidade para lidarem com as mudanças climáticas e seus impactos na região. O evento de lançamento foi realizado no Ministério Público do Estado do Maranhão e recebeu representantes da Plan e da Alcoa Foundation.

As iniciativas serão divididas em etapas, incluindo a realização de uma pesquisa para sensibilização baseada em evidências, em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O levantamento das condições socioambientais vai avaliar o ecossistema local, os recursos naturais e os resultados das intervenções humanas, incluindo os impactos no clima, no solo, na fauna e na flora, nos rios, entre outros aspectos.

A partir dos resultados da pesquisa, serão elaborados relatórios e mapas dos principais riscos e impactos socioeconômicos relacionados às mudanças climáticas e às alterações ambientais nas comunidades Arraial, Coqueiro, Estiva, Jacamim, Portinho, Quebra Pote, Rio dos Cachorros, Taim e Tauá Mirim. Dessas, apenas Estiva ainda não recebe outras iniciativas da Plan International Brasil. Para as comunidades, o foco está na melhoria de habilidades e capacidades para conhecer riscos e se adaptarem às mudanças climáticas.

Esse letramento ambiental também chegará a crianças e jovens, que vão reforçar o conhecimento, a capacidade de liderança e a confiança trabalhando a multiplicação dos conteúdos por meio da metodologia de educação de pares, em que jovens ensinam a outros jovens e à comunidade sobre o tema.

“O projeto Comunidades Pelo Clima atua em várias frentes ligadas ao meio ambiente e à mobilização social, trazendo nosso olhar de como essas questões atingem crianças, adolescentes e jovens, além de suas comunidades. No mundo todo, a Plan International vem trabalhando ações nessas áreas, já que as emergências climáticas têm se tornado mais frequentes”, afirma Cynthia Betti, diretora executiva da Plan International Brasil.

Juntos, membros das comunidades vão implementar um total de nove comitês para identificar os riscos de saúde e segurança, além de melhorar a prevenção, as respostas e a resiliência das comunidades diante dos riscos ambientais nos locais onde vivem. Esses comitês serão formados durante eventos e ações de conscientização e educação, incluindo campanhas, rodas de diálogo e seminários e serão responsáveis pela criação de planos de ação locais, inclusive com projetos apoiados com financiamento por capital-semente.

Outro objetivo é fazer com que os comitês sejam amplos e sensíveis a perspectivas de gênero, raça e interseccionalidades. Além das comunidades e de crianças e jovens, o projeto Comunidades Pelo Clima também atuará diretamente com a sociedade, o poder público e a mídia, aumentando a sensibilização sobre o tema com base nas evidências apontadas na pesquisa inicial.

Justiça climática

Conforme os impactos das mudanças climáticas são mais percebidos no mundo, a sociedade também volta seu olhar para a maneira como as consequências das alterações climáticas atingem as pessoas de formas desiguais. Grupos em situações de maior vulnerabilidade, incluindo crianças, mulheres, pessoas negras, indígenas, migrantes, pessoas com deficiência, entre outras, sofrem mais com esses impactos, como inundações, enchentes, deslizamentos, mudanças forçadas de regiões e cidades, etc. As mudanças climáticas se configuram em injustiça social, econômica, intergeracional, de gênero e racial.

“As populações que vivem em áreas de alto risco climático (sujeitas a enchentes, deslizamentos de terra, incêndios florestais, etc.) são, via de regra, mais pobres e majoritariamente negras. Essas comunidades não escolhem morar em áreas de risco. Elas se instalam nesses locais porque reiteradamente é negado a elas o acesso a direitos básicos, como o direito à moradia adequada, e a outras estruturas e serviços básicos, como água, saneamento, luz, etc. Diante desse cenário, é muito importante que as políticas de enfrentamento às mudanças climáticas adotem abordagens baseadas em direitos humanos que sejam interseccionais e sensíveis às questões de gênero, classe, raça e idade”, afirma Júlia Ferraz, especialista de mudanças climáticas e emergências na Plan International Brasil.

O projeto Comunidades Pelo Clima é uma iniciativa da Alcoa Foundation implementada pela Plan International Brasil que será realizada em um período de três anos, com um investimento total de mais de R$ 3 milhões. Em São Luís, a Alcoa Foundation é representada pelo Consórcio de Alumínio do Maranhão – Alumar, formado pelas empresas Alcoa, Rio Tinto e South32.

“Apoiar iniciativas que ajudam as comunidades a se adaptarem às mudanças climáticas e criar resiliência é um foco importante para nós e um elemento chave deste projeto é envolver os membros da comunidade no trabalho desde o início, para que os esforços sejam sustentados a longo prazo”, afirma Rosa Garcia, presidente da Alcoa Foundation.