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O Projeto Papo Reto – Jovens Contra a Violência, desenvolvido pela Plan International Brasil em parceria com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), sob gestão do Centro de Apoio Operacional (CAO) da Infância e Juventude, concluiu seu percurso de um ano de trabalho com a formação de 3.402 meninas e meninos em autoproteção contra o abuso e a violência sexual em Cruzeiro, Guaratinguetá, Jacareí, Lagoinha, Lavrinhas, Lorena, Natividade da Serra, Paraibuna, Pindamonhangaba, São Luiz do Paraitinga, São Sebastião e Taubaté. A meta, que era de alcançar 1.080 adolescentes, foi superada em duas vezes graças à ampla adesão da sociedade e de profissionais de assistência social e educação da região ao programa. 

A iniciativa previa a formação de 39 profissionais multiplicadores, mas alcançou 381. As campanhas para a sociedade também superaram a meta inicial de 500 mil pessoas, alcançando 729,8 mil. “O projeto enfrentou desafios. Com o arrefecimento da pandemia, as ações que foram planejadas para o ambiente on-line foram adaptas ao modelo presencial. A articulação junto aos municípios e com o apoio do MPSP explica o êxito no alcance e na superação das metas”, afirma Ana Nery Lima, especialista em gênero e inclusão na Plan International Brasil. 

Para chegar às comunidades, o projeto apostou em campanhas. O Papo Reto realizou a primeira delas durante os “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, ainda em 2021. A segunda ocorreu no Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em maio de 2022. As mobilizações foram realizadas on-line, por meio de cards e vídeos nas redes sociais da Plan, com o apoio de influenciadores digitais, e offline, com minidoors fixados no mobiliário urbano. Além disso, a primeira campanha também contou com spots de rádio nas principais emissoras da região para aumentar o alcance da mensagem e incentivar as inscrições de meninas e meninos nas oficinas do projeto. 

Para conscientizar e informar sobre o combate à violência sexual, o projeto Papo Reto convidou profissionais para participar da capacitação para a aplicação da metodologia. As equipes que aderiram fazem parte de cerca de 30 escolas públicas e mais de 10 Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), e de duas unidades da Fundação Casa nas cidades alcançadas pelo projeto. 

As oficinas com adolescentes tiveram a carga horária de até 2 horas e com profissionais de até 4 horas. Os profissionais que participaram das formações receberam o material didático do projeto como possibilidade de continuar multiplicando os conteúdos com o público que atuam. Entre as informações que meninas e meninos receberam estavam a de que nenhuma pessoa tem o direito de tocar o corpo delas sem permissão, tirar fotos com roupas íntimas ou sem roupa, convidá-las a assistir vídeos com conteúdo sexual, oferecer comida, brinquedos, celular ou dinheiro em troca de toques ou imagens. 

Além disso, adolescentes também foram orientados a desconfiar de quem quiser ficar muito tempo a sós, sem responsáveis por perto. Tudo isso é crime e é preciso acionar os canais de denúncia como o Disque 190, o Ligue 180, o Disque 100, o Aplicativo Proteja Brasil, os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros Especializados de Assistência Social (CREAS). 

“Um projeto que trabalha a sensibilização de profissionais da educação e da assistência social junto aos jovens para a prevenção de violência, sobretudo abuso e exploração sexual, é muito significativo para toda sociedade, principalmente em locais onde os dados são ainda muito expressivos. Atuar em conjunto com o Ministério Público de São Paulo foi uma experiência muito valiosa e de grande aprendizado para a Plan International Brasil”, destaca Ana Nery. A promotora de Justiça assessora do Centro de Apoio Operacional Cível Infância e Juventude Renata Rivitti reforça ainda a importância da parceria com a Plan, especializada em direitos de meninas. “A metodologia exclusiva trata de temas sensíveis de forma clara, assertiva e com engajamento dos adolescentes, além de grande impacto social, na medida em que forma multiplicadores das redes protetivas dos municípios atendidos”, diz. 

O projeto recebeu investimento de R$ 572,4 mil, recurso recuperado pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, e devolvido aos municípios do Vale do Paraíba e Litoral Norte de São Paulo. “Os importantes resultados obtidos atestam a potência da união de esforços institucionais, revertendo o produto de crime em prevenção da violência em prol da sociedade”, afirma Arthur Pinto de Lemos Júnior, secretário especial de Políticas Criminais.