Plan International lança campanha “Acreditamos nas meninas”
Campanha será veiculada em 11 países da América Latina e do Caribe, incluindo o Brasil, para conscientizar a sociedade e dar voz às meninas
26 de abril de 2021 - Tempo de leitura: 3 minutos
Campanha será veiculada em 11 países da América Latina e do Caribe, incluindo o Brasil, para conscientizar a sociedade e dar voz às meninas
A violência, a gravidez na adolescência e os casamentos infantis estão em alta. Em escala global, meninas e adolescentes são um dos grupos com mais violações de direitos, e a América Latina não é exceção. Essas situações geram sérios problemas que colocam em risco o futuro e a vida das meninas. Para conscientizar a sociedade sobre esses temas, a Plan International lança a campanha Acreditamos nas Meninas, um movimento regional e local que pretende dar visibilidade às histórias das meninas e chamar atenção para o grande potencial delas, muitas vezes desvalorizado e até desperdiçado.
A campanha será lançada neste dia 26 de abril em 11 países da América Latina e do Caribe (Bolívia, Brasil, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, Nicarágua, Paraguai, Peru e República Dominicana). Com peças em diversos meios de comunicação, vamos conhecer mais sobre a situação atual das meninas, suas histórias, suas vozes e seus sonhos.
“A situação de pandemia e as medidas de confinamento têm agravado os fatores de risco para abusos de direitos das meninas (como fechamento de escolas, piora da economia familiar, convivência com agressores, entre outros) e proteção, como a falta de acesso a mecanismos de reclamação, perda de vínculos sociais e sistemas de proteção enfraquecidos, o que criou um contexto ainda mais desfavorável para as meninas”, afirma Débora Cobar, Diretora Regional da Plan International Américas.
A maior parte dos abusos sexuais na região ocorre com as meninas, antes dos 18 anos. No Brasil, 85% das vítimas de abusos sexuais são meninas. Em 84% dos casos, o abusador era conhecido da vítima (familiares ou pessoas de confiança) e 53,8% das vítimas de estupro são meninas de até 13 anos, de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O quadro é semelhante em outros países da América Latina. Em El Salvador, 75% dos abusos são registrados antes dos 17 anos; na Colômbia, 74,72% ocorrem antes dos 14 anos e no Equador, 64% dos casos ocorrem antes dos 18 anos.
Nos últimos dez anos, na região das Américas, quase não houve redução na gravidez de adolescentes. Em toda a América Latina, 15% das gestações precoces ocorrem em crianças menores de 15 anos. Em todos os casos, a gravidez em meninas é resultado de abuso sexual e resulta em gravidez infantil forçada: são as Meninas Mães. No Peru, por exemplo, em 2018, todos os dias, seis meninas com idades entre 12 e 14 anos deram à luz; e na Guatemala, em 2020, a situação era de 12 meninas entre 10 e 14 anos todos os dias. Aqui no Brasil, números recentes do IBGE mostraram que a taxa de fecundidade adolescente foi de 59 nascimentos a cada 1 mil meninas de 15 a 19 anos em 2019. Em 2011, a taxa era de 64 para 1 mil. A redução de 7,81% é muito positiva, mas ainda está bem acima da média mundial, de 41 por 1 mil.
No que diz respeito aos casamentos infantis, que no Brasil são muito mais comuns sob a forma de uniões informais, embora em outras regiões tenha havido avanços para reduzi-los, nas Américas a situação não mudou nos últimos 25 anos. Uma em cada quatro meninas e adolescentes na América Latina e no Caribe se casa pela primeira vez ou mantém uma união informal antes de completar 18 anos. Ao mesmo tempo, a maioria das meninas que se casam ou se unem durante a infância dá à luz antes dos 18 anos; oito em cada dez fazem isso antes de completarem 20 anos.
“O que pretendemos fazer com a campanha Acreditamos nas meninas é chamar a atenção para a violação de direitos que acontece, diariamente, com as nossas meninas. Além disso, fazer um convite para que mais pessoas se juntem a nós em um grande movimento de transformação para uma sociedade mais justa e igualitária, em que as meninas possam crescer livres de violência, fazerem escolhas sobre suas próprias vidas, terem suas vozes ouvidas e respeitadas e acesso a um trabalho digno. Afinal, nós acreditamos nas meninas!”, afirma Cynthia Betti, diretora executiva da Plan International Brasil.