15 de dezembro de 2022 - Tempo de leitura: 7 minutos
Obra reúne 25 histórias de pessoas que tiveram suas vidas transformadas pelas ações e pelos projetos da Plan
Em celebração aos seus 25 anos de atuação no Brasil e 85 no mundo, a Plan International Brasil está lançando o livro O que eu vou lembrar para sempre – 25 anos de encontros que transformam vidas.
A obra reúne 25 histórias – uma para cada ano celebrado – de meninas, meninos, lideranças comunitárias, colaboradores, doadores e madrinhas. Entre uma história e outra, os personagens relatam suas vidas antes e depois da Plan. São histórias de vida muito diferentes, mas que têm em comum o fato de terem seus caminhos mudados após o encontro com a Plan.
“Do que vão lembrar e levar para sempre? Das tantas janelas e portas que se abriram, da sensação de pertencimento, do poder de sonhar, tão roubado das nossas crianças e adolescentes, do ganho de conhecimento e muita vontade de se unirem para transformar o mundo por meio de suas diferenças e semelhanças. E é sempre nesse lugar que as histórias se encontram, em seus melhores momentos, quando finalmente acessam novos caminhos, se ocupam de si mesmos e se veem como protagonistas da própria vida”, destaca Cynthia Betti, diretora executiva da Plan International Brasil.
A diretora afirma que ao pensar nas 25 histórias que seriam selecionadas para compor o livro, fazia sentido trazer falas como a de Camila, que se identificou como mulher negra durante sua trajetória na Plan; como a de Luiza, que pôde olhar um novo mundo através da janela que a instituição abre para as pessoas; ou como a de Carlos, que foi uma criança apadrinhada e hoje é professor universitário e conselheiro da Plan na Colômbia.
Além das histórias dos participantes dos projetos, a obra também conta sobre as trajetórias de colaboradores e colaboradoras da Plan e dos parceiros e parceiras que possibilitam a atuação da instituição. “É importante também darmos voz a quem transformou a causa em profissão e nos ajuda a implementar, diariamente, os nossos projetos. Sejam os doadores individuais, como uma madrinha que relata a emoção da conexão com sua criança, a de um executivo que reconhece a importância do investimento das empresas na diminuição da desigualdade social de nosso país ou da parceira que, junto à Plan, atua na incidência e articulação com outras organizações e com o governo, para que possamos implementar políticas públicas que garantam os direitos, em sua maioria, já previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente e na nossa Constituição Federal”, reforça Cynthia.
Desde que chegou ao Brasil, em 1997, a Plan desenvolveu dezenas de projetos em diversos estados do país, ajudando comunidades em situação de emergência, como durante a pandemia de Covid-19, e liderando campanhas para combater todas as formas de violência contra meninas e meninos.
Ao longo desses 25 anos de história, a Plan se dedicou a transformar em protagonistas cada uma das pessoas que participaram de suas iniciativas: crianças, adolescentes, lideranças comunitárias, pais, mães, cuidadores, cuidadoras, parceiros, parceiras, colaboradores e colaboradoras. E como forma de apresentar os feitos mais marcantes, o livro traz uma parte dedicada à linha do tempo que destaca os principais momentos dessa história.
“Colocar como prioridade as crianças e adolescentes, em especial as meninas – ainda mais impactadas somente pelo fato de serem meninas –, não é apenas a nossa missão, mas a sua também. Convidamos você a ler este livro e, por meio das histórias que ele conta, compreender um pouco mais sobre o trabalho que realizamos. Quem sabe, então, você queira se juntar a nós para nos ajudar a escrever as histórias dos nossos próximos 25 anos no Brasil”, destaca a diretora.
Histórias para lembrar
Conheça a seguir um pouco de algumas trajetórias:
Creuziane Barros
Creuziane Barros, Gerente de Unidades de Programa e Patrocínio da Plan International Brasil, é uma das 25 personagens da narrativa. Sua história é marcada por persistência e transformação. Nascida no interior do Maranhão, teve uma infância simples e feliz. Dedicou-se aos estudos para alcançar o sonho de entrar na faculdade. Realizava trabalhos na comunidade e conheceu a Plan por meio do seu avô, que era líder comunitário. Começou como voluntária, participou do desenvolvimento de diversos projetos, foi conselheira tutelar, realizou palestras e oficinas. Depois, concorreu a uma vaga de promotora comunitária e passou a integrar a Plan. Dedicada, buscou se especializar para poder oferecer seu melhor a cada novo desafio. Para Creu, como é conhecida, a Plan se tornou um mundo de transformação em que ela deseja atuar, mas acima de tudo, inspirar. “Quando se cresce em uma zona rural, não se tem grandes expectativas. Minha história ajuda a transformar outras, porque eu vim de zona rural e não deixei que isso me impedisse de buscar o que eu queria para mim. Quero que os jovens tenham consciência dos seus direitos e de onde eles podem chegar. Isso é o que me motiva e me tira da cama todos os dias.”
Jéssica Lorraine Sousa
Participante do projeto Geração e hoje agente de desenvolvimento comunitário da Plan, a história de Jéssica Lorraine Sousa mostra o impacto que as iniciativas da instituição geram na vida de meninas e meninos. Com uma infância cheia de desafios, aprendeu erroneamente que era insuficiente e que os outros eram sempre melhores. Tinha um medo que a paralisava quando colocada em evidência e que a prejudicava muito na escola. Esse cenário começou a mudar na adolescência, quando cursava o 6º ano do Ensino Fundamental. Isso porque a Plan International Brasil implementou pela primeira vez o “Projeto Geração” na instituição onde ela estudava. O projeto chamou a atenção de Jéssica, que prontamente quis participar. Os dias em que tinha o projeto eram os que ela acordava mais feliz em ir à escola. No projeto, aprendeu sobre questões sociais, educação financeira e igualdade de gênero, entre tantos outros assuntos. Foi lá também que entendeu o valor das pessoas e o seu próprio valor. A partir desse momento, passou a ser outra Jéssica. Alguém que importava. Alguém cuja voz valia a pena ser ouvida. Assim, a timidez saiu de cena para dar espaço ao protagonismo. Jéssica passou quatro anos no Geração e um na Escola de Liderança para Meninas. Concorreu a uma vaga de jovem aprendiz na Plan e passou. Antes mesmo de terminar o período como aprendiz, foi aprovada para uma vaga como agente de desenvolvimento comunitário, em que atua no acompanhamento de crianças cadastradas, faz visitas e ampara os projetos da instituição. A jovem destaca que há uma vida antes e depois do encontro com a Plan. “A Jéssica antes da Plan tinha medo de ir atrás dos seus sonhos, porque não achava que era capaz de conseguir. Hoje, ela é uma mulher muito empoderada, que acredita poder realizar os seus sonhos e que sabe que não tem obstáculos que não possa superar. Se cair, ela sabe que vai levantar.” Para os próximos 25 anos, a jovem deseja que a Plan seja ainda mais conhecida e continue tocando na alma das pessoas. “Se não fosse a Plan, minha vida seria totalmente diferente. E quando eu digo diferente, eu não penso em nada bom. Aqui, eu me livrei de traumas da infância, eu virei a mulher que sou hoje. Quero que os outros tenham noção de como a Plan muda a vida de uma pessoa”, finaliza.
Valdivino Silva
“Vou fazer sempre o possível pelo bem comum e pela efetivação de direitos. Não sou formado, não sou sabido, mas já vivi muito. Conheci o Brasil e outros países nessa minha história de ativismo e quero continuar lutando pelo bem. Para os próximos 25 anos da Plan, desejo ainda mais projetos, capacitação, melhoria de qualidade de vida para as pessoas. O jovem é o nosso presente e o nosso futuro. É o agora da sociedade. Não podemos mudar o mundo, mas juntos conseguiremos alguma forma de fazer o mundo melhor, mais humano, solidário e justo.” Essa é a luta de Valdivino Silva, líder comunitário, morador de uma comunidade quilombola em Codó (MA). Com uma vida dedicada ao próximo, sua história se une com a da Plan para potencializar mudanças na vida de quem mais precisa. A religião abriu caminhos para a atuação com trabalhos sociais e depois disso ele não parou mais. Valdivino sempre foi engajado. Com a ajuda dos companheiros, criou o Fórum da Sociedade Civil, onde organizou o conselho do direito da criança e do adolescente. Também se envolveu na luta pela municipalização da saúde e fez parte do movimento de articulação de sindicatos, onde conheceu a Plan. “Conheci uma pessoa e falei muito sobre Codó. Que eles precisavam conhecer Codó. Um belo dia estou eu por lá e chega um pessoal da Plan para conversar com a gente. Teve uma reunião e, em seguida, a Plan se instalou na Igreja Matriz. Daí em diante, nosso laço foi sempre se fortalecendo, com foco nas camadas sociais que estavam à margem, em situação de vulnerabilidade — para que pudesse existir a implementação efetiva de políticas públicas que tornassem a vida mais digna.” Valdivino acompanhou de perto a evolução na comunidade. Com pequenas ações, muita coisa mudou. Viu poços serem construídos, projetos voltados para crianças e jovens serem implementados e não hesita em dizer que a Plan é uma grande parceira.
O livro O que eu vou lembrar para sempre – 25 anos de encontros que transformam vidas é uma produção editorial da Ganda Lab Criativo, com capa e ilustrações de Eva Matos.