14 de novembro de 2024 - Tempo de leitura: 4 minutos
Consulta global com mais 50 mil crianças e adolescentes resultou em uma carta entregue a ministros e líderes mundiais do G20
Pela primeira vez na história do G20, o principal fórum de cooperação econômica internacional, crianças e adolescentes terão voz ativa para compartilhar suas preocupações e prioridades diretamente aos líderes globais. Durante a Cúpula Social do G20, adolescentes brasileiras da Plan International Brasil e da Save the Children representaram esse grupo para entregar uma carta de sua autoria às autoridades presentes.
A carta representa um esforço conjunto de mais de 50 mil crianças e adolescentes de cerca de 60 países, que participaram de uma consulta global, liderada pela Plan International Brasil e pela Save the Children, em parceria com a Joining Forces, o Movimento Mundial pela Infância da América Latina e do Caribe e o grupo de articulação brasileiro “Crianças no G20″*, sobre temas prioritários para o G20, como mudanças climáticas, economia justa, combate à pobreza, reforma da governança global e igualdade de gênero e racial.
Esse foi um momento histórico para a inclusão de meninas e meninos na governança global, com mensagens impactantes sobre o presente e o futuro que desejam viver. Maria Eduarda, de 16 anos, participante de projetos da Plan International Brasil, foi uma das adolescentes que participou da cerimônia. Ela acredita que a carta escrita por crianças representa uma oportunidade para influenciar as decisões dos líderes do G20.
“Como crianças e adolescentes, podemos agregar muito, trazendo nossa energia e visão única para as discussões. Estou ansiosa para sair do G20 com um renovado senso de propósito e motivação para agir”, afirma.
Para ler a carta na íntegra, clique aqui.
Como região anfitriã do G20 em 2024, a América Latina e no Caribe contam com destaque na consulta. A Plan International – Region of Americas (ROA) liderou consultas realizadas com crianças e adolescentes de 11 a 17 anos em nove países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, Paraguai e Peru. Os depoimentos coletados refletem as profundas desigualdades que esse público enfrenta em suas comunidades, especialmente em áreas como pobreza e fome, acesso à educação e à saúde, impacto das mudanças climáticas e violência de gênero. Alén disso, a região destaca que os desafios são diferentes para meninas e meninos. Em geral, as meninas são mais afetadas por barreiras estruturais e culturais que limitam suas oportunidades de desenvolvimento.
“Quando há pobreza em uma comunidade, as meninas são mais marginalizadas. Elas enfrentam estereótipos que limitam suas oportunidades enquanto os meninos têm mais liberdade para continuar seus estudos ou trabalhar”, enfatiza Daphne, de 17 anos, da Colômbia.
A participação da Plan International regional criou um documento exclusivo sobre o que meninas e meninos latinoamericanos e caribenhos têm a dizer às lideranças do G20, disponível no link abaixo.
Discussão de alto nível sobre os direitos de crianças e adolescentes envolveu ministros e líderes do G20
Como parte da programação oficial da Cúpula Social, espaço dedicado ao engajamento da sociedade civil no G20, as adolescentes não só apresentaram e entregaram a carta, mas também moderaram o evento, no Espaço Kobra, que fica no Boulevard Olímpico, local que recebeu as principais atividades da Cúpula Social.
O painel reuniu a Excelentíssima Ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, o Excelentíssimo Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, o Excelentíssimo Senhor Mongezi Mnguni, Diretor de Desenvolvimento Econômico do Departmento de Relações Internacionais e Coordenador do G20 para a África do Sul, o sub-Sherpa brasileiro para o G20, Felipe Hess, e a Sherpa do C20 no Brasil, Alessandra Nilo. Flavio Debique, Diretor de Programas e Advocacy da Plan International Brasil, e Rotimy Djossaya, Diretor Global de Políticas, Campanhas e Advocacy da Save the Children, representaram as organizações que lideraram esse processo, ao lado de Renato Godoy, Gerente de Relações Governamentais do Instituto Alana, que apoiou a iniciativa.
O encontro contou ainda com a apresentação de um Policy Pack com recomendações das organizações nacionais e internacionais que compõem o grupo “Crianças no G20” para os direitos de crianças e adolescentes. Este documento apresenta um conjunto abrangente de recomendações para líderes do G20, com foco nos direitos das múltiplas infâncias e adolescências, incluindo seu direito à participação, e áreas como fome e pobreza, economia inclusiva, mudanças climáticas, saúde mental, cultura, educação e igualdade de gênero.
Para acessar o documento, clique aqui.
A participação formal das crianças no G20 é um marco que a Plan International Brasil e outras organizações do “Crianças no G20” vêm defendendo há décadas. O movimento visa abrir um espaço formal para as crianças no G20, como um Grupo de Trabalho dedicado a crianças no Grupo de Engajamento da Sociedade Civil (C20) ou mesmo a criação de um Grupo de Engajamento exclusivamente dedicado à infância e à adolescência.
O grupo “Crianças no G20” acredita que essa iniciativa não apenas destaca a importância de considerar as crianças na tomada de decisões globais, mas também inspira uma nova era de protagonismo da infância e da adolescência nos processos de governança. Ao entregar essa carta na Cúpula Social, as crianças reivindicam que seus direitos e bem-estar sejam levados a sério pelos líderes mundiais.
“Pela primeira vez no G20, abrimos espaço para crianças e adolescentes participarem ativamente. A carta é o resultado de uma consulta que traz as vozes delas para esse fórum tão importante de articulação política e reafirma a necessidade de integrá-las nas decisões que afetam diretamente o seu presente e o seu futuro”, diz Flávio Debique, Diretor de Programas e Advocacy da Plan International Brasil.
Para acessar os encaminhamentos dessa iniciativa, confira aqui.
Em paralelo à entrega da carta às lideranças do G20, crianças e adolescentes participaram de um evento para discutirem temas relevantes ao presente e o futuro delas. A Tenda das Crianças reuniu mais de 60 crianças e adolescentes, entre 10 e 14 anos, de escolas municipais do Rio de Janeiro para participar de oficinas temáticas com foco em mudanças climáticas, saúde mental e economia do cuidado.
*O grupo “Crianças no G20” é composto por Save the Children, Plan International, Instituto Alana, ANDI – Comunicação e Direitos, Childhood, FamilyTalks, Fundação José Luiz Egydio Setúbal, Instituto Promundo, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (CIESPI/PUC-Rio), Coalizão Brasileira pelo Fim da Violência contra Crianças e Adolescentes, Associação pela Saúde Emocional de Crianças (ASEc+), Soulbeegood, Vertentes – Ecossistema de Saúde Mental, Global Mental Health Action Network, Instituto Árvores Vivas para Conservação e Cultura Ambiental, Instituto Jô Clemente e Rede Nacional Primeira Infância (RNPI), Orygen, ItotheN e Catalyst 2030.