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Luiza, a menina que quer ser juíza e concorreu a uma vaga de vereadora em São Luís aos 18 anos

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10 de março de 2021 - Tempo de leitura: 3 minutos

Candidata como parte de um coletivo de mulheres, Luiza conta como a Plan International Brasil contribuiu para o seu empoderamento.

Luiza Coelho

Aos 18 anos, Luiza já leva no currículo a experiência de ter sido candidata a vereadora da cidade de São Luís, no Maranhão. Ao lado de outras quatro mulheres, Luiza faz parte do coletivo ELAS, que apresentou uma candidatura coletiva para concorrer a uma vaga na Câmara Municipal da capital maranhense. O grupo não foi eleito, mas a campanha cumpriu o papel de inspirar muitas meninas e jovens mulheres que passaram a se ver representadas no mundo da política.

“Foi uma vitória muito grande perceber que de certa forma eu representei muitas meninas no coletivo e nas urnas”, diz Luiza. “Outra vitória foi escutar das pessoas que a gente era a esperança delas.” O coletivo ELAS recebeu 2.869 votos, número expressivo para uma campanha feita com pouco dinheiro e estrutura.

Luiza, que recentemente concluiu o terceiro ano do Ensino Médio, sempre se interessou pelas questões do feminismo e dos direitos das mulheres. Mas, até conhecer a Plan International Brasil ainda não se sentia segura em protagonizar esses espaços de discussão. Recuava ao ouvir frases como “você ainda é uma menina”. “A Plan me ensinou que posso ser uma menina e também ocupar os espaços”, afirma.

Quando teve o primeiro contato com a Plan, em 2019, Luiza já era líder de turma e diretora de meninas e de questões sociais do grêmio estudantil do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), campus do Centro Histórico, onde cursava o segundo ano do Ensino Médio. Na época, o IFMA fez uma parceria com a Plan, que convidou algumas meninas da instituição para participar do projeto Escola de Liderança para Meninas. Uma das iniciativas do projeto é a incidência política e a apresentação de espaços políticos para as participantes.

O destaque da primeira oficina do programa foi a união entre as meninas. “Também me chamou muita atenção o fato de que todas nós sofríamos com as mesmas coisas dentro do ambiente escolar”, diz Luiza. Questões como o assédio, infelizmente, eram comuns a todo o grupo. Segundo Luiza, as oficinas expandiram sua visão da realidade, colocando-a em contato com meninas de várias regiões da cidade.

Os planos de Luiza para o futuro – passar no ENEM, fazer um curso de Direito e se tornar uma juíza – passaram a incluir a política a partir do empoderamento e da representatividade que experimentou na Plan e em outras organizações das quais participa. Ela conta que foi em uma viagem que fez a Salvador (BA) para participar de um evento da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) que realmente começou a entender mais sobre a importância da política. O convite para a candidatura coletiva veio em agosto de 2020 e ela topou.

A ideia da candidatura coletiva, Luiza conta, foi trazer pluralidade e representatividade para a Câmara dos Vereadores. As cinco cocandidatas só têm duas coisas em comum, são mulheres e jovens, mas trazem histórias de vida diferentes. Durante a campanha, Luiza recebeu o apoio de muitas meninas e percebeu que seu exemplo gerou um impacto significativo em suas vidas. “Elas sempre comentam como é legal ter uma de nós nesse espaço”, afirma.

Segundo Luiza, ao longo da campanha ela também aprendeu que, apesar de ser uma menina madura e com muitas responsabilidades, não há problema algum em ter inseguranças, dúvidas, não saber tudo e estar disposta a aprender com novas experiências. Ela conta que, quando sai à rua, as pessoas a reconhecem e conversam com ela. “Teve um saldo político muito bom para quem sabe uma carreira futura. Para mim pessoalmente foi uma vitória e para todo o coletivo também.”

A falta de representatividade das mulheres na política é um problema importante a ser resolvido, segundo Luiza. “É fato que quem vai conseguir solucionar os nossos problemas é quem os sente na pele. Precisamos eleger mais mulheres para mudar a nossa realidade.” Para ela, é preciso conscientizar a população sobre a importância de votar em mulheres e mostrar que uma cidade melhor para meninas e mulheres é uma cidade melhor para todos.