11 de julho de 2017 - Tempo de leitura: 4 minutos
Tempo de leitura: 4 minutosEm Setembro de 2015, o mundo tinha seus olhos postos em Nova York, onde os governos definiriam os objetivos que pautariam os esforços para a construção de um mundo sustentável. As nações foram corajosas e entenderam que para superar as graves questões que afetam o mundo deveriam pedir dos tomadores de decisões respostas ambiciosas e audazes – não se pode esperar. É necessário somar esforços de todos os setores para que os 17 objetivos e as 169 metas sejam alcançados no menor tempo possível.
O processo de definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foi um exercício de participação autêntica, com consultas diversas ao redor do mundo, inclusive com crianças e adolescentes, e é um fato histórico da maior relevância, pois galgamos mais um degrau na construção de uma sociedade mais equitativa, justa e inclusiva. Superaram-se divergências, modos diferentes de entender as situações que afetam o mundo, mas prevaleceu a certeza que é necessária uma agenda comum, que estimulará a ação para os próximos 15 anos em áreas de importância crucial para a humanidade e para o planeta. É preciso uma grande determinação para que os países possam mobilizar os meios adequados e necessários para implementar a agenda 2030 – o que não será possível com esforços fragmentados. Há que se estabelecer parcerias e, com base no num espírito de solidariedade global reforçada, concentrada em especial nas necessidades dos mais pobres e mais vulneráveis e com a participação de todos os países, de todas as partes interessadas e de todas as pessoas.
A Plan International Brasil não medirá esforços para colaborar significativamente no cumprimento dos objetivos e suas metas, através de seus programas e projetos. Se empenhará também para que os governos não meçam esforços para cumprir com o compromisso de alcançar a sustentabilidade, priorizando os grupos mais vulneráveis, especialmente as meninas.
O fato que os países tenham definido um objetivo específico sobre a igualdade de gênero é uma mostra clara que não se quer deixar ninguém de fora. É reconhecer que embora homens e mulheres, meninos e meninas tenham os mesmos direitos, na prática não ascendem a eles da mesma maneira – meninas e mulheres estão em desvantagem. No objetivo se reconhece que as questões que afetam a vida das mulheres têm origem na infância, por isso se explicita uma abordagem geracional – mulheres e meninas.
Como organização que promove os direitos humanos de crianças e adolescentes, celebramos esse avanço, porque estamos seguros que só assim será possível tocar nas causas estruturais das desigualdades de gênero. Trazer à luz essas questões que interferem no modo de vida e no futuro das meninas é dar a elas a oportunidade de transcender os limites que impedem o seu desenvolvimento. As meninas e mulheres precisam ser notadas e para isso é preciso tornar visíveis as questões que afetam negativamente suas vidas.
Com o objetivo de colaborar nessa tarefa, a Plan International Brasil elaborou este relatório, Meninas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – Uma análise da situação das Meninas no Brasil. Com ele, queremos ampliar o olhar sobre as questões que afetam a infância no Brasil com um recorte de gênero que possa ajudar as organizações, governos e sociedade em geral a perceber que a superação das desigualdades não será plena se não enfrentar as questões que afetam as meninas. Para isso, fizemos um esforço de analisar os 17 objetivos, reconhecendo a indivisibilidade da agenda e que as questões de gênero estão presentes na agenda como um todo. Não foi uma tarefa fácil e com esse relatório não queremos esgotar o tema, ao contrário, queremos despertar o interesse de todos os atores sociais para esse olhar. Com o relatório, queremos estabelecer um marco de referência que nos possibilite o monitoramento da agenda nos próximos anos.
“A efetivação da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres e meninas dará uma contribuição essencial para o progresso em todos os Objetivos e metas. Alcançar o potencial humano e do desenvolvimento sustentável não é possível se para metade da humanidade continuam a serem negados seus plenos direitos humanos e oportunidades. Mulheres e meninas devem gozar de igualdade de acesso à educação de qualidade, recursos econômicos e participação política, bem como a igualdade de oportunidades com os homens e meninos em termos de emprego, liderança e tomada de decisões em todos os níveis.” (Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável).
Como organização, seguiremos lutando por um mundo mais justo que promova os direitos das crianças e igualdade para as meninas . Para a Plan International, um mundo bom para as meninas é um mundo bom para todas as pessoas, por isso nos empenhamos para que as meninas possam: Aprender, decidir, liderar e progredir.
Anette Trompeter
Diretora Executiva Plan International Brasil