15 de janeiro de 2025 - Tempo de leitura: 2 minutos
Por Ana Nery – Especialista em Gênero e Inclusão da Plan International Brasil
Você já parou para pensar nas atividades diárias que meninas e mulheres realizam todos os dias? Afazeres domésticos, o cuidado com pessoas da família (crianças, pessoas idosas), com animais de estimação etc. Já pensou também, quanto do tempo delas é dedicado a essas tarefas e como esse tempo impacta nas outras atividades que essas meninas e mulheres realizam?
Esse trabalho não remunerado, e na maioria das vezes invisibilizado, que meninas e mulheres fazem ao longo da vida é chamado de trabalho do cuidado, que se define como um trabalho que garante que nossas necessidades materiais e psicológicas básicas sejam atendidas, assegurando assim nosso desenvolvimento humano. O trabalho do cuidado inclui atividades diárias diversas como cuidar de crianças, pessoas idosas, enfermas e pessoas com deficiências e o trabalho doméstico. Esse trabalho desempenha um papel crucial na manutenção da sociedade, mas é invisível nas estatísticas econômicas oficiais e na maioria das políticas públicas, o que contribui para perpetuar desigualdades de gênero.
De acordo com a pesquisa Por Ser Menina, que a Plan International Brasil realizou em 2021 com 2.589 participantes de 14 a 19 anos nas cinco regiões brasileiras, as meninas realizam o dobro de trabalhos domésticos em comparação com os meninos (67,2% das meninas contra 31,9% dos meninos), sendo precocemente responsabilizadas pelo cuidado com o lar e com as pessoas. Essa sobrecarga tem impactos de alta densidade, pois limita as oportunidades de inserção de jovens mulheres e mulheres no mercado de trabalho, afeta sua saúde mental e física, e contribui para a desigualdade econômica e social.
Para mudarmos essa situação faz-se necessário:
Diminuir as desigualdades e acelerar o relógio da igualdade gênero só é possível através de perspectivas mais equitativas do trabalho do cuidado. Ao propormos outros direcionamentos sobe o tema, estaremos não apenas promovendo justiça social, mas também fortalecendo a economia e construindo uma sociedade mais justa e equilibrada.
Em 2024, a pesquisa realizada para o relatório Escolhas Reais, Vidas Reais sobre o uso do tempo das meninas foi baseada em entrevistas com um grupo de 92 meninas e seus responsáveis em nove países. Tendo acompanhado a vida das meninas desde o nascimento, podemos refletir sobre as histórias e experiências anteriores que elas e seus responsáveis compartilharam. Ao fazer isso, o estudo pode explorar os fatores e as principais motivações que moldaram o uso do tempo das meninas ao longo de suas vidas.