7 de janeiro de 2020 - Tempo de leitura: 7 minutos
Com um livro por mês você pode conhecer mais sobre a luta de meninas e mulheres pela igualdade e se encantar com histórias fascinantes
Muita gente aproveita o início do ano para estabelecer novas metas – inclusive, de leitura. Se este for o seu caso, temos uma sugestão especial para você: em 2020, que tal conhecer um pouco mais sobre a luta das meninas e mulheres pela igualdade?
Confira a seguir uma lista com 12 livros feministas para ler, se emocionar e entender sobre a importância desse movimento para o fim das desigualdades:
Sejamos todas feministas (Chimamanda Ngozi Adichie)
Neste ensaio, a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie questiona o que é ser feminista no século 21 e ressalta como esse movimento é essencial para todas e todos. A partir de uma narrativa autoral repleta de memórias sobre suas experiências pessoais, Chimamanda reflete sobre o processo de reconhecimento do seu lugar de fala como mulher nigeriana e feminista – termo que era visto como sinônimo de “terrorismo” por um de seus melhores amigos de infância. Ao se intitular como “feminista feliz e africana, que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para homens”, Chimamanda afronta e rompe com os estereótipos impostos pelo senso comum e que muitas vezes recaem sobre as mulheres que se assumem feministas. A leitura nos provoca a pensar sobre o que ainda é preciso ser feito para que meninas possam escolher e decidir sobre suas vidas e que os meninos cresçam livres de todos os tipos de masculinidades tóxicas.
Quem tem medo do feminismo negro? (Djamila Ribeiro)
Djamila Ribeiro é um dos principais nomes quando o assunto é ativismo e feminismo negro no Brasil. Nesta obra, a autora apresenta uma seleção de artigos publicados no blog da revista Carta Capital entre os anos de 2014 e 2017. Os textos são uma verdadeira viagem sobre as memórias de Djamila nos tempos da infância e adolescência, quando ela passou pelo que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade, resultante das experiências de discriminação. O livro também traz reflexões sobre o cotidiano e destrincha conceitos como empoderamento feminino e interseccionalidade, retomando, por vezes, aspectos originários do feminismo, como a discussão da obra de Simone de Beauvoir. A leitura também nos conduz a uma provocação sobre os limites das mobilizações pelas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro no Brasil e no contexto dos EUA.
O feminismo é para todo mundo (bell hooks)
Gloria Jean Watkins, sob o pseudônimo de bell hooks, é uma das mais importantes ativistas do feminismo negro da atualidade. A autora foi eleita uma das principais intelectuais norte-americanas pela revista Atlantic Monthly e uma das 100 Pessoas Visionárias que Podem Mudar Sua Vida, pela revista Utne Reader. Admiradora das obras de Paulo Freire, neste livro ela nos mostra como uma educação para o feminismo pode contribuir para a construção de uma consciência crítica e uma sociedade mais justa e igualitária para todas e todos. Nesta obra, bell hooks ainda repercute sobre as origens do feminismo e sua luta contra o sexismo, a exploração sexista e qualquer tipo de opressão e violência baseada no gênero.
Os homens explicam tudo para mim (Rebecca Solnit)
Imagine passar uma festa inteira com um homem falando de um livro que “você deveria ler” quando, na verdade, você é a autora! É a partir dessa situação um tanto cômica – e também desagradável – que Rebecca Solnit desenvolve a sua narrativa no livro Os Homens Explicam Tudo para Mim. A obra lança luz sobre algo que acontece com frequência em diversos espaços sociais: o mansplaining, fenômeno machista no qual homens se colocam como detentores do conhecimento, independentemente do assunto, quando comparados às mulheres – mesmo quando muitas vezes são elas quem têm mais domínio do tema do que os homens. Por meio de ensaios irônicos, a autora retrata os reflexos da cultura patriarcal na sociedade e as diversas formas de violência a que as mulheres são submetidas.
Eu sou Malala (Malala Yousafzai)
A jovem paquistanesa Malala Yousafzai é uma das principais ativistas dos direitos das crianças e das meninas. Sua coragem para lutar contra um sistema machista e atuar na garantia ao acesso à educação alcançou o mundo inteiro. E este livro conta justamente a história de vida dessa garota, que teve sua vida modificada no dia 9 de outubro de 2012, quando foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus que pegava quando voltava da escola. Ao se recuperar desse atentado, Malala começou uma grande viagem pelo mundo, tornando-se um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz. Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, esta obra nos conduz a uma reflexão sobre a potência das meninas, as desigualdades, os desafios e paradigmas que ainda as impedem de crescer livres.
Leia mais: Por que Malala Yousafzai é tão importante?
Eu sei por que o pássaro canta na gaiola (Maya Angelou)
O livro conta a história de Marguerite Ann Johnson, uma garota negra, criada pela avó paterna no sul dos Estados Unidos, em plena década de 1930. A vida da menina é marcada por um enorme trauma que a leva ao total silêncio, cujo alívio é encontrado somente através da literatura. Maya, como é carinhosamente apelidada, escreve para afirmar a existência de uma voz que, muitas vezes, é calada. A escrita torna-se, então, uma forma de se libertar das grades da sua vida e das violências sofridas por quem menos imaginava. Trata-se de uma obra densa e necessária, que toca, emociona e transforma os pensamentos de quem a lê.
Cidadã de Segunda Classe (Buchi Emecheta)
Buchi Emecheta é uma das mais importantes autoras nigerianas. Sua obra sempre buscou corrigir estereótipos sobre a mulher nigeriana e africana ao expor a realidade e as opressões que fazem parte do dia a dia. E é essa representação permeada de sonhos e de uma realidade muitas vezes cruel que a personagem Adah é apresentada em Cidadã de Segunda Classe. Emecheta mostra de forma contundente a realidade de mulheres nigerianas que migraram nos anos 1960 para a Europa em busca de uma vida melhor e como todas as esferas de suas vidas são afetadas pela forma como são vistas e tratadas pela sociedade europeia.
Pós-F: Para Além do Masculino e do Feminino (Fernanda Young)
O último livro de Fernanda Young e vencedor do prêmio Jabuti 2019 na categoria de Crônica, essa não-ficção fala sobre o papel social do homem e da mulher na contemporaneidade. Por meio de textos autobiográficos, Fernanda utiliza sua carreira como atriz para observar os dois papéis sociais e culturais de diferentes formas e refletir sobre aquilo que é esperado e o que é vivido para a construção do gênero e para a construção de si mesma como pessoa. Sua obra reflete a ideia de uma existência livre de estigmas e que se pauta no amor, no respeito inquestionável ao outro e no reconhecimento e sustentação do próprio desejo.
Os Testamentos (Margaret Atwood)
A continuação do clássico O Conto da Aia, O Testamento retoma a história sobre o sistema de Gilead depois de 34 anos da publicação do primeiro livro. O sistema machista e violento que ficou mundialmente conhecido após a série de TV The Handmaid’s Tale retorna aos holofotes 15 anos após o final da primeira história para responder a uma das perguntas mais importantes para as fãs da distopia: Gilead caiu ou não? Nesse novo texto, Atwood nos apresenta mais três mulheres que narram suas histórias e tudo o que uma sociedade machista e religiosamente extremista pode fazer aos corpos, personalidades e liberdades femininas.
Profissões para mulheres e outros artigos feministas (Virginia Woolf)
Uma das autoras mais célebres da causa feminista, Virginia Woolf questiona a visão tradicional da mulher como “anjo do lar” e expõe as dificuldades da inserção feminina no mundo profissional e intelectual da época. Numa era em que o papel da mulher se modifica cada vez mais rápido, as críticas e reflexões de Virginia mostram que a autora estava à frente de seu tempo. Questões que ela discute nessa curta obra, publicada originalmente em 1931, ainda são muito atuais para mulheres que tentam conquistar direitos iguais e respeito por suas capacidades e trabalhos.
Uma autobiografia (Angela Davis)
Lançada originalmente em 1974, Uma autobiografia é um retrato contundente das lutas sociais nos Estados Unidos durante os anos 1960 e 1970 pelo olhar de uma das maiores ativistas de nosso tempo. Davis, à época com 28 anos, narra a sua trajetória, da infância à carreira como professora universitária, interrompida por aquele que seria considerado um dos mais importantes julgamentos do século XX e que a colocaria, ao mesmo tempo, na condição de ícone dos movimentos negro e feminista e na lista das dez pessoas mais procuradas pelo FBI. A falsidade das acusações contra Davis, sua fuga, a prisão e o apoio que recebeu de pessoas de todo o mundo são comentados em detalhes por essa mulher que marcou a história mundial com sua voz e sua luta.
O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres (Naomi Wolf)
Clássico que redefiniu a visão a respeito da relação entre beleza e identidade feminina. Em O mito da beleza, a jornalista Naomi Wolf afirma que o culto à beleza e à juventude da mulher é estimulado pelo patriarcado e atua como mecanismo de controle social para evitar que sejam cumpridos os ideais feministas de emancipação intelectual, sexual e econômica conquistados a partir dos anos 1970. A autora expõe a tirania do mito da beleza ao longo dos tempos, sua função opressora e as manifestações atuais no lar e no trabalho, na literatura e na mídia, nas relações entre homens e mulheres e entre mulheres e mulheres.
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