3 de maio de 2017 - Tempo de leitura: 3 minutos
Aos 22 anos, Josilda descobriu novas possibilidades por meio do esporte e acredita que a prática esportiva é uma ferramenta importante para o empoderamento das meninas
Josilda da Silva Oliveira tem 22 anos, é formada em educação física e vive do esporte. Ela é da comunidade de Nova Jerusalém, localizada na cidade de Codó, interior do Maranhão, região que já tem eletricidade e água potável, mas não possui saneamento básico.
Filha de um pedreiro e de uma faxineira, Josilda tem 6 irmãs, com as quais tem em comum o futebol: todas sempre foram boleiras e juntas participaram do Projeto Futebol Feminino da Plan International Brasil, iniciativa que mudou a vida de Josilda.
A vida de Josilda sempre foi relacionada ao esporte, principalmente pelo fato de que, durante boa parte de sua vida, Josilda morou perto de uma praça esportiva onde havia um campo de futebol, uma quadra poliesportiva e também, muitas vezes, a presença de treinadores e professores de educação física. Assim, a diversão das meninas e meninos não eram apenas as brincadeiras de rua, mas, principalmente, o futebol.
Josilda conheceu a Plan aos 12 anos, quando entrou para o Projeto Futebol Feminino. Nessa iniciativa, além de ter aulas de futebol, Josilda também participou de oficinas sobre os direitos das meninas e igualdade de gênero. Ela conta que, quando começou a praticar o esporte por meio da Plan, no evento Ciranda de Copas, ficou encantada e pensou: “Nossa, essa é a minha oportunidade”, porque haveria muitas pessoas assistindo ao evento.
Até então, Josilda só conhecia as pessoas da sua própria comunidade. Porém, com o seu envolvimento no Projeto Futebol Feminino, foi fazendo novos contatos, até chamar a atenção de um professor que a convidou para começar a jogar por uma escola particular. Assim, foi por dessa iniciativa da Plan que ela ganhou uma bolsa de estudos nessa nova escola e começou a sentir que valeria a pena investir a sua dedicação em seu talento esportivo.
Como o lema da equipe nessa nova escola era “Jogadora boa de bola também é boa na escola”, Josilda foi incentivada pelos treinadores a não deixar os estudos de lado e a sempre conciliar as práticas esportivas com a sua dedicação à escola. Tanta dedicação deu resultado: na hora do vestibular, Josilda foi aprovada em primeiro lugar. Antes disso, Josilda também havia sido selecionada para jogar futebol na Alemanha pelo Projeto Futebol Feminino da Plan.
Josilda afirma que o esporte mudou sua vida pelo fato de que ele lhe garantiu a possibilidade de ter a sua independência financeira. Seja atuando na Secretaria de Esportes da cidade (seu emprego atual), seja jogando como convidada ou atuando como professora de educação física, Josilda consegue ter uma renda que lhe permite ajudar a família e tomar um sorvete com as amigas de vez em quando.
Para a boleira, o que lhe permitiu tudo isso foi o fato de que os projetos dos quais participou sempre tiveram incentivo e continuidade. Para ela, além de o futebol masculino ser muito mais incentivado do que o feminino, também é prejudicial o fato de que nem sempre as iniciativas são desenvolvidas para durarem por um longo prazo. “Quando um projeto começa, as meninas estão ali, estão envolvidas. Mas, quando o projeto acaba, elas ficam ‘E aí, vou fazer o quê agora?’. Tenho certeza que muitas meninas só vão ficar sem foco porque ficam sem incentivos e sem ter o que fazer”.