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Estudo Por Ser Menina

Tempo de leitura: 4 minutos

Menina com cabelo afro em perfil sobre fundo rosa com desenhos abstratos, representando o orgulho e a força das meninas no Brasil.

Locais da Pesquisa

  • Amazonas (Manaus, Maués);
  • Goiás (Brasília, Formosa);
  • Maranhão (Codó, São Luís);
  • Rio Grande do Sul (Cachoeirinha, Porto Alegre);
  • São Paulo (Jacareí, São Paulo)

Responsável pelo Estudo

Plan International Brasil

O Desafio de ser menina no Brasil

Nos últimos anos, a sociedade global tem voltado seus olhos para as especificidades das vivências femininas, principalmente as marcadas por gênero, raça e classe. No Brasil, esses desafios se intensificam diante de retrocessos sociais e cortes em investimentos públicos, mesmo frente aos compromissos da Agenda 2030.

Outras referências, como o V Relatório Luz da Sociedade Civil, mostram que as mulheres negras já ocupavam, antes da pandemia, posições de extrema vulnerabilidade econômica. Paralelamente, o investimento público para a promoção da igualdade de gênero caiu drasticamente.

A Pesquisa “Por Ser Menina” e suas Descobertas

O estudo, realizado em 10 cidades brasileiras nas cinco regiões do país, ouviu 2.589 meninas e revelou um cenário preocupante: muitas delas demonstram desconhecimento sobre instrumentos de proteção, vivenciam papeis de gênero rígidos e enfrentam diversas limitações impostas pela sociedade. Ainda assim, a maioria expressou orgulho em ser menina, sinalizando um forte potencial para a transformação social.

Principais resultados e conclusões – Ser menina e seus desafios

A nova edição da pesquisa comprovou hipóteses alarmantes:

  • Trabalho doméstico: Meninas realizam o dobro de tarefas domésticas que meninos;
  • Insegurança: 57% sentem medo ao andar nas ruas;
  • Violência: 94% presenciaram ou sofreram algum tipo de violência;
    32% sofreram assédio na escola;
  • Saúde e educação: 50% nunca foram a uma consulta ginecológica;
    19% interromperam estudos;
    18% trabalham (sendo quase 40% negras);
  • Representatividade: 84% não se sentem representadas nas instituições.

Amostra e seleção das cidades

A pesquisa quantitativa foi realizada nas cinco regiões do Brasil, contemplando dez cidades — cinco capitais e cinco municípios do interior —, escolhidos com base em critérios como:

  • Não pertencer à Região Metropolitana da capital
  • Ter participado do estudo “Por Ser Menina”
  • Existência de trabalho/parceria da Plan International

Validação ética

Todos os instrumentos de pesquisa e salvaguarda passaram por avaliação e aprovação do Comitê de Ética da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), garantindo a ética e segurança no tratamento dos dados e das participantes.


A construção social dos papéis de gênero – diferença de oportunidades entre meninos e meninas

Meninas e meninos são socializados de maneira diferente desde a infância, com base na construção histórica e cultural dos papéis atribuídos a homens e mulheres. Em uma sociedade marcada por estruturas de machismo, patriarcado e racismo, as expectativas sobre as mulheres frequentemente incluem tarefas de cuidado, organização doméstica e financeira, além do silenciamento de opiniões. Em contraste, os homens são incentivados a atuar no mundo externo — trabalhar, ocupar espaços públicos e exercer liberdades de fala e ação.

Essas distinções também afetam os sonhos e aspirações profissionais: o predomínio masculino em áreas como tecnologia, por exemplo, é resultado direto dessa divisão social dos papeis.

Além disso, é importante ressaltar que essa dinâmica de desigualdade se agrava para grupos mais vulneráveis, como a comunidade LGBTQIAPN+, meninos negros, indígenas e outros.

A reprodução dos papéis desde a Infância

A pesquisa Por Ser Menina aponta como essa diferenciação é internalizada precocemente. Meninas entre 6 e 14 anos assumiam, majoritariamente, responsabilidades domésticas, como:

  • Arrumar a cama (81,4%)
  • Cozinhar (41%)
  • Lavar roupa (28,8%)
  • Passar roupa (21,8%)

Esses dados revelam que a preparação para papeis tradicionalmente femininos se inicia ainda na infância, moldando as perspectivas e limitações futuras dessas meninas.

Percepções das adolescentes: intensidade e natureza das atividades

A pesquisa buscou captar a percepção de meninas de 14 a 19 anos sobre a divisão de atividades, revelando diferenças expressivas:

Atividades mais realizadas pelas meninas:

  • Navegar na internet: 76,9% meninas vs. 61,3% meninos
  • Estudar: 70,5% meninas vs. 37,9% meninos
  • Realizar tarefas domésticas: 67,2% meninas vs. 31,9% meninos
  • Ler livros: 42,5% meninas vs. 8,4% meninos

Atividades mais realizadas pelos meninos:

  • Trabalhar/ganhar dinheiro: 50,5% meninos vs. 21,9% meninas
  • Brincar: 24,7% meninos vs. 7,3% meninas
  • Socializar com amigos na rua: 28,3% meninos vs. 17,5% meninas
  • Praticar esportes: 22,8% meninos vs. 19% meninas
  • Jogar jogos eletrônicos: 48,5% meninos vs. 18,5% meninas

Análise das diferenças

O estudo demonstra que, enquanto as meninas continuam majoritariamente ligadas a atividades internas e acadêmicas, os meninos têm maior presença em atividades de lazer e trabalho externo. Esse padrão não apenas reforça as barreiras de gênero existentes, mas também limita o potencial de desenvolvimento das meninas, restringindo suas oportunidades e liberdades individuais desde cedo.

Conheça o Estudo completo com relato de meninas de diversas regiões do Brasil:


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Ilustração com um coração em forma de aperto de mãos e dois envelopes, simbolizando empatia, proteção e diálogo dentro da iniciativa Down To Zero.

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