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Autocuidado é essencial para manter saúde mental durante a pandemia

Adolescentes podem ser especialmente impactadas por isolamento social. Durante o Setembro Amarelo, psicólogas dão dicas de como jovens podem cuidar de sua saúde mental

A pandemia de Covid-19 já dura mais de seis meses, período em que incertezas, medos e frustrações vêm se acumulando. Em se tratando de saúde mental, meninas e meninos durante a adolescência estão entre os grupos mais fortemente impactados pelo isolamento, justamente porque vivem um período que seria normalmente marcado pela socialização intensa.

Este foi um dos assuntos abordados durante o Encontro Nacional de Meninas, promovido pela Plan International Brasil no início de setembro. “Eu tive crises de ansiedade e não pude recorrer ao psiquiatra no posto. Precisei lidar sozinha com as minhas crises”, compartilhou Daniele, de 20 anos, uma das participantes do evento.

Para a psicóloga clínica Adriana Takahashi, é comum sentir ansiedade, insegurança, tensão e instabilidade do humor neste contexto. Mas, segundo ela, existem estratégias que podem ser adotadas para evitar que esses sentimentos se instalem de forma crônica e prejudicial. “Tenho indicado principalmente a prática da meditação, que tem benefícios largamente comprovados cientificamente”, afirma a psicóloga. Diante das várias modalidades de meditação, ela recomenda que cada pessoa escolha aquela com que se sente mais confortável e lembra que existem vários recursos para auxiliar na meditação disponíveis gratuitamente nas redes sociais ou por meio de aplicativos.

“Além da prática da meditação diária, sugiro manter uma pequena rotina, com horários mais ou menos acertados, colaborando para o bem-estar emocional”, recomenda Adriana. “Ao acordar, trocar de roupa e evitar ficar de pijamas o dia todo, criar meios e estratégias de manter contato com os amigos de forma virtual, fazendo encontros periódicos ou combinando de realizar alguma prática de exercícios por vídeo, por exemplo.”

Adriana observa que encontros virtuais ou conversas por telefone ou WhatsApp com amigos podem ser enriquecedores para adolescentes. “Assim ela não se sentirá sozinha ao saber que outras amigas estão sentindo o mesmo que ela, colaborando para que o vínculo se fortaleça mais.”

Joceline Conrado, psicóloga e educadora social da Plan International Brasil, afirma que ter momentos de lazer também é muito importante. “Quando você vai brincar, ler, assistir a um filme ou ver uma série, você está se desligando um pouco dessa realidade que é tão angustiante”, diz.

Entre as estratégias de autocuidado adotadas pelas participantes do Encontro Nacional de Meninas, foram citadas cuidar de plantas, observar o pôr do sol, criar um cronograma para as atividades do dia, praticar ioga e conectar-se com outros jovens pelas redes sociais.

Se os sentimentos de solidão, medo, ansiedade, insegurança, irritabilidade, desânimo e apatia persistirem por duas ou três semanas, é importante buscar ajuda, alerta Adriana. Ela cita que, segundo a Organização Mundial de Saúde, as condições de saúde mental correspondem a 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19 anos. Além disso, a depressão é uma das principais causas de doença e incapacidade entre os adolescentes e o suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos.

Apesar de ser um tabu, falar sobre o suicídio é uma importante estratégia de prevenção, enfatizada especialmente neste mês de prevenção ao suicídio. A campanha Setembro Amarelo defende o combate ao estigma sobre a doença mental como ferramenta de prevenção ao suicídio.

Mesmo que meninas e meninos adolescentes não peçam ajuda, é importante que mães, pais, familiares e amigos estejam atentos a esses sinais de alerta. “O suporte de mãe e pais e sua atenção a adolescentes é de grande importância para auxiliar na identificação de sinais que podem colocar em risco a saúde mental de jovens, mostrando sempre abertura e disponibilidade para um diálogo, para que adolescentes se sintam seguras para expressar os sentimentos que a afligem, sem receio de julgamentos ou críticas.”