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Com apoio da Plan, campanha #EstouAquiParaContar promove alerta contra violência doméstica

Idealizada pela atriz Thainá Duarte, da série “Aruanas”, campanha mostra importância da denúncia no contexto da pandemia de COVID-19

Na série “Aruanas”, a atriz Thainá Duarte interpreta Clara, uma mulher que é perseguida por seu ex-namorado, com quem viveu um relacionamento abusivo. Por causa da personagem, Thainá passou a receber diversos relatos de mulheres que viveram situações semelhantes. Quando uma amiga próxima foi agredida por um ex-companheiro, Thainá resolveu usar a visibilidade que tem como atriz para chamar a atenção para o problema da violência doméstica. Ela lançou a campanha #EstouAquiParaContar, com o apoio da Plan International Brasil e de outras organizações como ONU Mulheres, Instituto Maria da Penha e Anistia Internacional.

A campanha, que tem divulgado vídeos com entrevistas de mulheres que sofreram violência doméstica, estimula pessoas que já passaram por essa situação a compartilhar seus relatos com a hashtag #EstouAquiParaContar. Também faz parte do projeto a realização de lives para discutir o assunto com especialistas. No dia 25 de junho, a diretora executiva da Plan International Brasil, Cynthia Betti, participou de uma delas, respondendo às principais dúvidas do público sobre o tema.

“Acredito que essa troca de relatos pode trazer muitos benefícios para jovens mulheres e mulheres em situação de violência”, afirmou Thainá durante o encontro. Para ela, é importante orientar as mulheres a identificar os primeiros sinais de violência, já que nenhuma relação começa abusiva, mas pode ser tornar abusiva com o tempo. “A violência doméstica é qualquer ação ou omissão contra a mulher que provoque danos morais, psicológicos, físicos, sexuais ou patrimoniais”, definiu Cynthia, observando que esse tipo de violência nem sempre deixa marcas físicas.

É especialmente importante abordar o tema da violência doméstica no contexto do isolamento social determinado pela pandemia de Covid-19. Segundo um relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a quarentena tem causado um aumento dos casos de violência doméstica, já que as mulheres acabam ficando mais tempo junto com seus agressores. No estado de São Paulo, por exemplo, houve um aumento de 44,9% do número de atendimento de chamadas para a Polícia Militar no 190 classificadas como violência doméstica em março de 2020 em comparação com março de 2019. No mesmo período, o número de feminicídios aumentou 46,2% no estado.

“O vírus é revelador porque mostra quem são as pessoas quando estão em situação de total estresse, privação de liberdade, falta de comida. Como esse ambiente familiar ficou mais restrito, as pessoas estão convivendo mais e a violência é exacerbada”, diz Cynthia, ressaltando que a quarentena não pode ser usada como justificativa para a violência.

Reconhecendo que a violência pode aparecer como efeito colateral da quarentena, a Plan International Brasil lidera em parceria com mais de 100 organizações públicas e da sociedade civil a campanha #QuarentenaSimViolênciaNão, com o objetivo de proteger crianças e adolescentes expostos a esse risco. A campanha, que em sua primeira fase informou sobre os riscos e meios de denúncia e prevenção por meio das redes sociais, agora foca na questão do trabalho infantil, buscando principalmente proteger as meninas de serem inteiramente responsabilizadas pelo trabalho doméstico.

Thainá ressaltou durante a live a importância de falar sobre violência doméstica para crianças e adolescentes. “Tenho recebido mensagens de meninas muito jovens que estão passando por relacionamentos abusivos muito cedo”, disse a atriz. “A gente precisa trazer esse assunto desde cedo para que não haja naturalização da violência. Se um jovem presencia ou é vítima de violência, ele tem que saber que aquilo não é certo”, afirmou Cynthia.

Um dos tipos de violência doméstica a que as meninas estão mais vulneráveis é a violência sexual. No Brasil, a cada uma hora, três meninas menores de 18 anos são vítimas de violência sexual, de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O tema foi recentemente abordado pela Plan International Brasil em diversas lives e webinars por ocasião do 18 de maio, Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

Outro grupo que merece atenção especial em se tratando de violência doméstica é o de meninas e mulheres negras. Segundo o Mapa da Violência 2015, no período de 2003 a 2013, elas foram as principais vítimas da violência de gênero. Neste período, as taxas de homicídio de mulheres negras subiram de 4,5 para 5,4 por 100 mil habitantes, enquanto, entre as mulheres brancas, elas caíram de 3,6 para 3,2 por 100 mil.

Thainá espera que a campanha ajude mulheres vítimas de violência a reconhecerem a situação em que vivem e a buscarem ajuda. “Cada vez mais as pessoas precisam fazer isso: dar voz a essas vítimas. E que a gente possa não só cuidar das vítimas, mas evitar que aconteçam novas agressões”, afirma Cynthia.