A partir de agora, o site da Plan International Brasil será acessível para a comunidade surda. Ao lado de cada bloco de texto, já existe um ícone azul com a ilustração de duas mãos. Ao clicar no botão, o usuário acessa uma ferramenta que traduz o conteúdo escrito para a língua brasileira de sinais (Libras) por meio de uma animação. O Portal Meninas Líderes também receberá o software em breve.
Esse recurso, desenvolvido pela empresa Hand Talk, usa uma tecnologia semelhante ao Google Tradutor, de tradução por rede neural. Toda vez que o ícone é ativado, o texto vai para o servidor, que o traduz e o devolve em forma de uma animação na qual um personagem interpreta o conteúdo em Libras.
Até agora, o intérprete era o personagem Hugo. Nesta terça-feira (8), a empresa apresentou uma nova personagem: a Maya, uma mulher negra. “A gente sempre se preocupou com a diversidade e vem estudando há bastante tempo a criação de outros personagens que também tragam essa identidade para a maioria das pessoas”, diz Patricia Senise Gomes, executiva da Hand Talk.
A Plan International Brasil está entre as 20 organizações sociais que trabalham com causas de gênero ou raça que foram escolhidas para receberem gratuitamente a licença do software da Maya. O lançamento da personagem foi especialmente programado para setembro, um mês marcado por vários eventos da comunidade surda. O Dia Nacional do Surdo, por exemplo, é comemorado em 26 de setembro.
Mas por que é importante traduzir o conteúdo escrito para Libras para tornar o site mais acessível? Cerca de 80% dos surdos de todo o mundo têm problemas de alfabetização e dificuldade de compreender as línguas faladas em seus países, de acordo com a Federação Mundial dos Surdos.
A maioria dos surdos aprende primeiro a língua de sinais e pode ter dificuldade de entender a língua portuguesa escrita devido a fatores como a impossibilidade de aprender pela fonética e pelo som e a diferença da estrutura gramatical da língua de sinais e do português. “Surdos identificam palavras soltas, mas muitos não têm a compreensão que nós, ouvintes, temos de um texto escrito”, diz Patricia.
Desde 2016, tornou-se obrigatório que todos os sites brasileiros sejam acessíveis, de acordo com a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146 de 6 de Julho de 2015), porém a grande maioria ainda não é acessível em Libras. “Quando um site não está acessível, é como se estivesse off-line para os surdos”, observa Patricia.