18 de abril de 2024 - Tempo de leitura: 3 minutos
É urgente que as empresas reconheçam os impactos que causam para a sociedade e a corresponsabilidade que têm na busca por soluções
Os debates sobre ESG vêm ganhando mais consistência e profundidade nos últimos tempos, mas ainda é muito frequente ouvirmos primeiro as questões relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade. Em seguida, surgem todos os pontos de governança, frente que determina os rumos da gestão e das finanças. Em tempos de emergência climática, isso parece compreensível. Mas, e o pilar S, relacionado aos impactos sociais dentro e fora das empresas? Esse, normalmente, fica em último plano não só nas discussões, mas também nas ações.
É urgente que as empresas reconheçam os impactos que causam para a sociedade e a corresponsabilidade que têm na busca por soluções – dentro e fora dos negócios.
Ao olhar para “dentro de casa”, o pilar S pressupõe a preocupação com o bem-estar das pessoas que trabalham para a organização, diversidade, equidade e inclusão, condições dignas de trabalho, garantia de direitos, entre muitos outros aspectos. Nesse sentido, depois de alguns começos positivos, já observamos grandes empresas dando passos para trás no apoio a iniciativas de promoção da diversidade, com o cancelamento de programas ou a redução nas verbas.
Mas além de se concentrar no que diz respeito à equipe, não podemos deixar de ter atenção ao que acontece fora da organização, nas relações com a comunidade e nos impactos sociais que o negócio – sobretudo quando ele é de grande porte – gera para as pessoas que vivem e trabalham em uma região.
Nesse engajamento com a comunidade, é preciso construir relacionamentos positivos e sustentáveis que sejam éticos e não apenas estéticos. Adianta muito pouco apoiar ou realizar um projeto social sem as bases necessárias para gerar impacto positivo real e significativo para as pessoas. Não adianta ter algo que pareça bom apenas em uma apresentação, mas não gera benefícios reais e mensuráveis. Sem isso, a resistência e a desconfiança da comunidade só aumentam.
A adoção de indicadores como o SROI – Retorno Social sobre o Investimento – contribui para tornar os resultados mais tangíveis e permitir uma análise comparativa entre o valor investido por uma marca e os benefícios gerados para uma ou mais comunidades. Nesse cálculo entram aspectos como impactos de longo prazo, com intangíveis que nem sempre são fáceis de mensurar.
Imagine como exemplo um projeto de impacto social como os que implementamos na ONG Plan International Brasil, como a Escola de Liderança para Meninas, o La League ou o Líderes da Mudança. Quando realizamos oficinas com meninas adolescentes sobre seus direitos sexuais e reprodutivos, mencionando as formas de evitar a gravidez precoce e a importância dos estudos para uma formação mais qualificada para o mercado de trabalho, agimos diretamente nas principais causas que levam ao casamento infantil, ao abandono escolar no Ensino Médio (ou antes dele), à baixa profissionalização e à perpetuação de um ciclo de pobreza.
Mas esses resultados não são percebidos em apenas alguns meses. Com o que aprendem ao frequentar as oficinas, as meninas se tornam protagonistas de suas histórias e se sentem mais preparadas para liderar grupos, decidir sobre suas vidas, aprender novas habilidades e progredir. Se elas ultrapassam desafios como a gravidez precoce, tão frequentes a outras meninas de sua comunidade, os impactos no longo prazo para suas vidas e nas vidas de outras pessoas de suas famílias e comunidades são enormes.
Esse exemplo dá uma noção prática de como o investimento social corporativo contribui diretamente também para alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU em suas múltiplas abordagens, erradicando a pobreza e a fome, apoiando a saúde, o bem-estar, a educação, a igualdade de gênero. Assim também observamos a redução das desigualdades, o crescimento econômico. É um olhar muito mais amplo e uma relação de ganha-ganha para todas as partes envolvidas. Diante de tudo isso, que tal começar hoje mesmo a se preocupar com o S, do ESG?