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Mulheres Líderes e a Responsabilidade de Transformar o Futuro

Tempo de leitura: 4 minutos

14 de março de 2025 - Tempo de leitura: 4 minutos

O que é o certo para o futuro que a gente quer?

Essa foi a provocação feita durante o encontro para altas executivas de diversas empresas, realizado na quarta-feira (12), na capital paulista, no escritório de advocacia WFaria, em alusão ao mês das mulheres.

A proposta central do evento foi debater sobre “O papel das líderes femininas na responsabilidade social corporativa”, tendo como guia os direitos humanos das meninas. Para tal, a advogada Alessandra Figueiredo convidou personalidades como Juliana Cardoso Ribeiro Bastos, advogada e professora de direito constitucional, Sultana Tafadar, kings counsel, cofundadora e CEO do Girls Human Rights Hub e Paula Alegria, especialista em direitos sexuais e reprodutivos da Plan Brasil, para conversarem sobre a realidade vivida por mulheres e meninas no Brasil e no mundo, tendo ainda a fala de duas participantes do projeto social da Plan Brasil “Pontes Para o Futuro”, que trouxeram voz e rosto para a discussão.

Para Alessandra, o evento se faz urgente, não só pelo atual momento político, onde se tem visto governos e empresas recuarem diante às pautas de diversidade, quanto também por muitas vezes, o debate se restringir ao campo das ideias. “Temos aqui hoje grandes vozes. Então vamos pensar um pouco sobre a posição que temos nos nossos ofícios, a partir do local que podemos alcançar. O que podemos fazer diferente?”.

Reforçando essa urgência, a professora Juliana apresentou dados publicados pela ONU, que corroboram com a relevância da pauta dos direitos humanos de meninas e mulheres. Além disso, sua fala também abordou o peso da voz feminina, que precisa ser mais ouvida, pois encoraja outras mulheres. “A ideia é que depois desse encontro a gente saia mais forte. Nós precisamos dessas falas, porque em termos de relevância da voz da mulher, isso traz autonomia: mulheres sendo ouvidas, trazendo sua opinião, geram transformações sociais e diversidade de perspectivas nas interseccionalidades”, pontuou Juliana, afirmando que empoderamento é ter os direitos reconhecidos.

Assim, a advogada inglesa multipremiada, Sultana Tafadar, contou que toda essa realidade desafiadora fez com que, junto com sua filha de 12 anos, fundasse há dois anos a organização social Girls Human Rights Hub, que tem o objetivo de oferecer a jovens meninas todo o apoio que elas precisam para que possam – agora – ocupar espaços de poder e discussão.

“Em qualquer idade você pode ocupar um lugar de liderança. Ocupe seu próprio espaço, não espere ser convidada. Convide-se!”, destacou Sultana, que tem como missão, ao lado da filha, erradicar toda violência baseada em gênero, trabalhando com as meninas temas como direito a educação, igualdade nos esportes, assédio nas ruas, segurança nos espaços digitais, dentre outros.

Tendo a responsabilidade social corporativa como costura narrativa, e a provocação para que as pessoas presentes não tirassem de vista a ação direta para a mudança e o olhar da menina que ainda habita a mulher adulta, Paula Alegria abriu sua fala afirmando que, apesar de sempre ser atribuído ao terceiro setor o trabalho com propósito, não tem como as empresas viverem descoladas do mundo, pois são formadas por pessoas que – por sua vez – constroem as mudanças.

Sendo assim, qual o movimento que se faz para um mundo melhor?

Segundo Paula Alegria, para mudar o mundo é preciso um método. Por isso, a Plan Brasil trabalha com quatro eixos nos seus projetos: liderar, progredir, aprender e decidir. Dessa maneira, o Pontes Para o Futuro, do qual as duas jovens participantes do evento fizeram parte, tem o objetivo de qualificar jovens para que alcancem a inclusão social, vivam livres da violência de gênero e descubram seus planos de vida por meio do empoderamento econômico.

Ilustrando toda as falas do evento, Leidy, que participou da primeira turma do Pontes, começou agradecendo a oportunidade de ser ouvida, destacando o tanto que isso é difícil de acontecer, até mesmo na Universidade de São Paulo, onde atualmente cursa Geografia. “É raro termos espaço para falarmos sobre nós mesmas”, afirmou a jovem que se declarou “filha de projetos sociais”, os quais permitiram que ela tivesse acesso a informação e a sonhos mais diversos, como por exemplo o de cursar uma das faculdade publicas mais importantes do país

Compartilhando uma realidade parecida, Kemilly trouxe que também passou a conhecer outras possibilidades e caminhos a partir dos aprendizados do Pontes Para o Futuro, que atualmente apoia o seu projeto empreendedor de atuar como trancista. “Meu projeto consiste em ajudar mulheres através da autoestima, porque quando uma mulher reconhece seu valor, ela consegue se reestruturar e alimentar seus sonhos. E hoje eu sei que posso ser melhor, e mostrar para as meninas da minha comunidade que há um lugar a ser ocupado. Nós temos voz!”, reforçou, agradecendo ainda a oportunidade de ser ouvida por tantas mulheres, à Plan, que a apoia na caminhada rumo a novas perspectivas e à Sultana, que “do outro lado do mundo conseguiu ampliar a nossa mente mais um pouquinho”.

Nesse sentido, o evento foi mais do que um espaço de diálogo, foi um chamado à ação. Entre dados, reflexões e vivências compartilhadas, ficou evidente que a responsabilidade social corporativa não pode ser apenas um conceito, mas uma prática diária impulsionada por mulheres que ocupam posições estratégicas, somada ao trabalho de organizações sociais sérias e comprometidas com a transformação da sociedade.

Por fim, as falas inspiradoras de Leidy e Kemilly trouxeram à tona a importância de criar oportunidades reais para meninas e jovens mulheres, reafirmando que o empoderamento não é um favor, mas um direito. Portanto, a provocação que guiou o encontro permanece ecoando: “Qual o movimento que fazemos para um mundo melhor?” Para além da criação de códigos de ética, canais de denúncia, formações e letramento, a resposta está na ação concreta, já que aprendemos com países como a Islândia, que igualdade traz prosperidade.