12 de março de 2019 - Tempo de leitura: 2 minutos
Tempo de leitura: 2 minutosQuando um grupo de educadoras da Plan International Brasil passou na escola da adolescente Julia, em São Luís (Maranhão), deparou-se com dezenas de estudantes interessadas em participar da Escola de Liderança para Meninas.
O projeto iria levar discussões e reflexões valiosas àqueles jovens a respeito de temas como educação sexual, empoderamento feminino, desigualdades sociais. Diante de tantos interessados, seria necessária uma seleção.
Julia ficou desanimada com tamanha concorrência. “A música me ajudou muito na hora da prova. Gosto muito de rap feminino, de letras que falam sobre o poder da mulher, sobre independência, sobre nossos direitos, sobre como somos tratadas de forma diferente dos homens. Apesar de eu ser uma das concorrentes mais novas, eu escrevi tudo o que ouvia nas músicas e de que eu gostava”, revela a estudante, uma das aprovadas.
Na organização, a jovem se mostrou das mais participativas, não perdia nenhum encontro e sempre estava atenta às discussões. Tudo o que aprendia no projeto levava para casa. “Minha avó falava que menina só pode brincar com menina. E eu ensinei pra ela que não, menina pode brincar com menino também, pode brincar com quem quiser. A Plan me ajudou a ser essa pessoa multiplicadora, que leva mensagens para minha comunidade, que faz ela amadurecer e tratar as mulheres com mais respeito”, reconhece.
O interesse pela agenda feminina não veio ao acaso, mas inspirada na luta de sua mãe, a mulher que mais admira no mundo. Dalila engravidou na adolescência e teve que largar os estudos. Já adulta, sentiu falta do conhecimento perdido e voltou à escola. Assistia às aulas à noite, depois de trabalhar o dia todo. Valeu a pena: ela foi convidada para ser a cozinheira da cantina do colégio e aumentou a renda da família. Julia cresceu presenciando a batalha diária da mãe, seu grande exemplo.
Com uma série de pensamentos e inspirações, foi na Plan que a jovem conseguiu organizar as ideias e saber quem gostaria de ser. “Quero ser uma dessas mulheres afrontosas, ser uma inspiração e fazer com que mais meninas levantem e digam ‘eu quero, eu posso e eu consigo’”, finaliza Julia, que, sem saber, já é inspiradora e afrontosa.