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2 de fevereiro de 2023 - Tempo de leitura: 3 minutos
Benin, Brasil, Camboja, El Salvador, Filipinas, República Dominicana, Togo, Uganda e Vietnã
Plan International
O estudo longitudinal e qualitativo – Escolhas Reais, Vidas Reais (Real Choices, Real Lives) acompanhou a vida de meninas e suas famílias em nove países de 3 continentes ao redor do mundo: 142 meninas participaram do estudo, que documenta desde o nascimento das participantes até a maioridade.
O objetivo foi entender como fatores sociais, econômicos, culturais e institucionais influenciam suas vidas, revelando como normas de gênero são reproduzidas, sustentadas e transformadas ao longo do tempo.
As meninas participantes estão entrando no final da adolescência, um período marcado por expectativas sociais intensificadas. A chegada da menarca é vista como um ponto de transição de “menina” para “mulher”, o que reforça normas conservadoras e pressiona as adolescentes a se conformarem com novos comportamentos “aceitáveis”.
A idade e a menarca continuam sendo os principais gatilhos para conversas sobre Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e sobre Saúde Sexual (DSSR) entre pais, mães, responsáveis e pessoas cuidadores/as.Contudo, esse diálogo ocorre muitas vezes sob uma ótica pouco pedagógica que remete a noções de controle e vigilância dos corpos das meninas e não do seu bem-estar.
A educação sobre DSSR é frequentemente limitada à prevenção de riscos como gravidez precoce e Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). A sexualidade das meninas é tratada como algo a ser evitado, escondido, o que incide sobre elas uma cultura de culpabilização e responsabilidade individualizada sobre sua saúde e proteção. Nas comunidades estudadas, as chamadas normas sociais rígidas ditam o comportamento das meninas e impõem sanções como vergonha e tabu. Essas normas acabam sendo culturalmente incorporadas pelas práticas e discursos das próprias meninas, o que prejudica sua socialização e processos de solidariedade umas com as outras.
Práticas culturais misoginas e amparadas pelas normas prejudiciais de gênero, frequentemente culpam as meninas pela violência que sofrem, confundindo, por exemplo, relações sexuais forçadas com escolhas pessoais. Essa visão contribui para o ciclo de estigmatização e silêncio em torno da violência baseada em gênero (VBG).
Muitas mães e cuidadoras desejam que suas filhas evitem experiências negativas vividas por elas mesmas, como gravidez precoce e casamentos forçados. No entanto, seus medos, a falta de conhecimentos sobre alguns temas e a sobrecarga com o trabalho do cuidado fazem com que conversas abertas sobre relações saudáveis, educação em sexualidade ou métodos contraceptivos se tornem mais difíceis e menos frequentes.
Conheça o estudo completo sobre Direitos e Saúde Sexuais e Reprodutivos na Adolescência: