Mesmo estudando em período integral, Isabela também é secretária geral do grêmio estudantil da escola em que estuda e participa do projeto Escola de Liderança para Meninas. Já participou também do projeto “Futebol Feminino” e do projeto “Por Ser Menina”.
“Comecei a participar dos projetos da Plan aos 14 anos, com o projeto Por Ser Menina, na minha escola. Assim, fui me envolvendo em tudo, até no futebol”, conta Isabela, que sempre teve preferência por brincadeiras que envolviam carrinhos e bola. “Eu me lembro muito bem de quando era criança. Eu já gostava de brincar de carrinho, essas coisas, com meu primos… brincava de bola, mesmo sem saber jogar bola eu chutava tudo no meio da rua”.
Porém, por ser menina, sempre sofria com a concepção de que as meninas não deveriam brincar com as coisas que ela gostava de brincar. “Sempre surgiam umas frases de que a gente não pode fazer isso, que a gente era ‘machão’, que era ‘macho-fêmea’… Depois que eu comecei a participar dos projetos da Plan, o que mudou de verdade foi que hoje consigo me defender desses julgamentos. O autoconhecimento me ajudou a entender que a gente pode e deve fazer o que a gente sente vontade”.
As brincadeiras com carros e bola, entretanto, deram lugar ao compromisso de mudar a realidade de meninas: Isabela acredita que precisa mudar o mundo. E, para isso, começa aplicando o empoderamento dentro de casa. Ela conta que o padastro era muito machista. “Ele dizia que filho dele não ia brincar de boneca de jeito nenhum, que isso era coisa de meninazinha. E eu expliquei pra ele que aquilo era só um brinquedo e que brinquedos não pertencem a nenhum gênero e, sim, ao dono. Igual às roupas. Se você quiser usar calcinha, você usa, se quiser usar saia, você usa. A roupa não pertence a gênero e, sim, ao dono”. Aos poucos, Isabela vai transformando o ambiente ao seu redor e mudando o mundo, à sua forma, plantando a sementinha.
A menina de 16 anos segue firme em seu propósito de conscientizar outras meninas sobre suas capacidades e ajudá-las a descobrir seus potenciais. “Precisamos conscientizar várias meninas no menor tempo possível, para que elas percebam todos os lugares em que podem estar. E a gente tem que educar os meninos também. Eles têm de saber que a igualdade precisa existir. Que as mulheres são iguais aos homens e que, mesmo as pessoas dizendo que meninos sempre vão se mais fortes, isso não existe. Eu quero que todas as meninas tenham conhecimento de si mesmas, eu quero que todas aprendam em casa, que todas tenham a igualdade em casa e, principalmente, eu queria que os pais conscientizassem as crianças. Eu quero que as meninas falem. Eu quero mulheres participando da liderança do mundo”, nos ensina a jovem Isabela.