Apesar de estarmos no século 21 e a humanidade já ter passado por inúmeras revoluções comportamentais, algo ainda é intrínseco a todas as sociedades: meninas e meninos são tratados de maneira desigual. Enquanto eles são educados para serem independentes, fortes e bem sucedidos profissionalmente, elas são educadas para terem como aspiração maior em suas vidas o casamento e a maternidade. Enquanto eles são educados para terem poder, elas são educadas para terem uma postura de submissão. No entanto, apesar de enraizada, essa cultura precisa mudar.
No Brasil, estima-se que 500 mil mulheres sejam estupradas anualmente. Desse total, mais de 50% são meninas com menos de 13 anos – e esses são apenas os casos que conseguem chegar às autoridades. E por que isso acontece? Porque, com uma educação desigual, os meninos crescem e se tornam homens que acreditam ter mais poder do que as mulheres – inclusive sobre elas mesmas.
No entanto, uma sociedade machista contrapõe a própria lei: segundo a Declaração dos Direitos das Crianças, instituída em 1959 pela Organização das Nações Unidas e ratificada por 193 países, meninas e meninos têm os mesmos direitos. No caso brasileiro, isso também vale: segundo a Constituição Brasileira, em seu artigo 5º, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, e meninos e meninas, homens e mulheres, são iguais em direitos e obrigações. Isso porque entende-se que as diferenças biológicas entre meninos e meninas não têm interferência em suas capacidades intelectuais. E não há mesmo: meninas e meninos têm a mesma capacidade de aprender, decidir, liderar e prosperar.
Construir um mundo com mais igualdade de gênero traz benefícios tanto sociais quanto financeiros. Segundo o McKinsey Global Institute, a igualdade de gênero resultaria em um aumento de mais de 20 trilhões de dólares no PIB mundial. Olhando pelo ponto de vista social, além da redução dos casos de violência sexualm contra as meninas, teríamos um mundo onde as relações entre homens e mulheres seriam mais saudáveis em todas as esferas: os salários seriam iguais, as oportunidades acadêmicas também, e mesmo a assistência de saúde e de proteção também seriam iguais.
Falar em igualdade de gênero não é falar em direitos apenas para as meninas, mas em direitos para todos. Se queremos um mundo melhor, é preciso falar de gênero sim, e não podemos esperar que as crianças se tornem adultas para que uma transformação comece.