No Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, o termo “empoderamento” ainda não é um verbete oficial. Mais próximo do termo, é possível encontrar a definição do termo “empoderar”, que lá significa, “dar, ou adquirir poder”. Naila Kabeer, economista de Bangladesh, feminista e especialista em gênero e pobreza, define empoderamento – no contexto do feminismo – como “a expansão da capacidade das pessoas para fazer escolhas de vida estratégicas num contexto em que tais habilidades lhe foram anteriormente negadas.” Ele depende de dois fatores : 1 – que as mulheres possam identificar seus desejos; 2 – da exigência de que as mulheres possam fazer o que desejam no ambiente em que vivem.
Para a Plan International Brasil, “empoderamento” é um processo que requer uma mudança multidimensional com o intuito de desenvolver a capacidade das meninas para tomar decisões importantes em suas vidas, assim como mudar a estrutura de regras rígidas. Além disso, criar marcos legais e políticos de mudança para transformar as relações sociais, onde o desenvolvimento das meninas é profundamente afetado por relações de poder, pelo rebaixamento social e pela violência.
Neste contexto, a proposta da Escola de Liderança para Meninas, projeto da Plan International Brasil em parceria com o Instituto C&A, é fornecer um espaço seguro para meninas, um espaço onde elas não se sintam inibidas por ameaças de julgamentos e onde recebam ferramentas para expandir as suas capacidades e desenvolver suas habilidades para a tomada de decisão, de forma a reduzir os riscos de violência e evitar a gravidez e casamentos em uma idade precoce. Assim, o objetivo principal da Escola é o empoderamento das meninas e adolescentes.
Maria Fernanda, de 16 anos, já explica a importância do empoderamento de meninas. Participante dos projetos da Plan International Brasil, hoje também é uma das multiplicadoras ligadas às ações da Plan. “A gente precisa acreditar em nós mesmas e fazer outras meninas acreditarem que nós podemos ocupar os lugares que quisermos na sociedade, nas empresas, na política, onde for. Só assim conseguiremos extinguir as desigualdades de gêneros, por meio do empoderamento”.
Ao questionar as identidades e os papeis socialmente construídos que reforçam a subordinação feminina e as desigualdades de gênero, os processos de empoderamento, a exemplo da Escola de Liderança para Meninas, possibilitam que elas possam desenvolver habilidades para a tomada de decisões sobre suas vidas, seus corpos e seus desejos, cultivando atitudes e comportamentos em direção à autoconfiança necessária para a busca da igualdade social e de gênero.