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COMO A TECNOLOGIA CONTRIBUI PARA O EMPODERAMENTO DAS MENINAS

Queremos mais meninas trabalhando com tecnologia e o projeto Jovens Construindo o Futuro já está fazendo isso acontecer

No estado da Califórnia, nos Estados Unidos, está localizado o Vale do Silício, a região com as maiores empresas de tecnologia do mundo. É lá que surgem os principais produtos e aplicativos que transformam as nossas vidas. Porém, em meio a tanta inovação, um aspecto muito conservador ainda persiste: no universo da tecnologia, a participação masculina é muito maior do que a feminina. Para se ter uma ideia, do total de pessoas que fazem parte das equipes do Google, do Twitter, do Facebook e da Apple, apenas 30% são mulheres.

No Brasil, a situação não é muito diferente: nas faculdades de engenharia e ciências da computação, as mulheres correspondem a menos de 20% do total de alunos. E esse cenário ganha bases ainda na infância, quando as escolas dão pouco estímulo às meninas para que elas se interessem por matemática, porque ainda se acredita que “os meninos têm mais facilidade para fazer cálculos”.

No entanto, as meninas e mulheres precisam ser inseridas no mercado de tecnologia, e não apenas pelo fato de que isso traria novos pontos de vista no momento de desenvolver soluções tecnológicas, mas também porque excluí-las desse universo é contribuir para que elas estejam à margem do mercado de trabalho, que cada vez mais exige conhecimentos em softwares, aplicativos e programação.

ACESSO À OPORTUNIDADES

Pensando nisso, a Plan International Brasil e a Accenture, uma das maiores empresas em soluções de Tecnologia da Informação em todo o mundo, atuam juntas para estreitar o contato das meninas com esse universo. Por meio das turmas de capacitação do projeto Jovens Construindo o Futuro, desenvolvido em Recife, no nordeste do país, meninas e mulheres como Thamires Alves e Helida Rosa descobrem novas possibilidades para o futuro.

Thamires Alves, 21 anos, nasceu no município de Palmares, no interior do estado de Pernambuco, e hoje mora em Recife. Estudou a vida inteira em escola pública e nunca teve uma oportunidade de trabalho até encontrar o Jovens Construindo o Futuro. Hoje trabalha como Assistente SAP Jr na Accenture Recife.

“Minha mãe conheceu o projeto pela internet e ficou muito interessada quando viu que se tratava de uma iniciativa para promover a inserção de jovens no mercado de trabalho. Eu gostei da ideia, me inscrevi e participei. Eu pensava que seria apenas um curso de qualificação, mas fiquei surpresa porque também há um acompanhamento mesmo depois que o curso acaba, por meio da mentoria”, conta Thamires.

Ela já sabia trabalhar com alguns softwares básicos, como o Excel, mas na Accenture pôde aprender a lidar com muitos outros. “E achei bem interessante porque há muitas mulheres por aqui e, antes de eu entrar, eu achava que era uma área muito masculina. E aqui na Accenture, além de você ver muitas mulheres, você também tem a oportunidade de trabalhar de igual para igual em relação aos homens”

Achei bem interessante porque há muitas mulheres por aqui e, antes de eu entrar, eu achava que era uma área muito masculina.

Para ela, se mais meninas e mulheres tiverem contato com esse universo, muitas mudanças podem acontecer. “Pode melhorar a comunicação entre as pessoas, diminuir preconceitos. Eu me via com muita dificuldade no mercado de trabalho, porque as empresas só querem pessoas capacitadas e com experiência, e eu não tinha isso. Eu não tive oportunidade de arrumar um emprego antes, mas agora, que estou capacitada, eu consegui me inserir no mercado e acredito que poderei crescer”.

Thamires pensa em seguir na carreira de administração e fazer uma faculdade nessa área. Da sua experiência no projeto, ela tirou uma importante lição: “Ninguém cresce nesse mundo sem trabalhar em parceria com alguém, e, muitas vezes, esse alguém pode ser uma mulher, e não tem problema nisso. Nós somos capazes”.

Helida Rosa, nascida em Recife, tem 26 anos. Também estudou a vida inteira em escola pública e nunca havia feito um curso de capacitação. Por esse motivo, ingressou no Jovens Construindo o Futuro, pois viu na iniciativa a possibilidade de conseguir mais conhecimentos para desenvolver o seu próprio negócio.

“Um amigo se inscreveu pela internet e me falou que ainda havia vagas. Eu não estava trabalhando e pensei ‘Vou fazer esse curso para me qualificar e ver o que eu consigo aprender na área administrativa’”, conta Helida.

Sua mãe sempre arcou sozinha com as despesas da casa e Helida sempre quis ajudá-la. Depois da capacitação, a jovem também foi aprovada para trabalhar na Accenture como Assistente SAP Jr e se viu tendo a maior oportunidade de mudar sua vida até então.
“Eu ​aprendi a mexer com muitos softwares. Antes eu não sabia nada e, por isso, eu me via perdida. Eu não encontrava oportunidades, mas agora, por estar qualificada nessa área, eu vejo novas possibilidades para o meu futuro”.

Helida também acreditava que o ambiente da tecnologia seria mais masculino e se surpreendeu ao entrar na Accenture: “Achei bem balanceado, e acho que a maior lição que todo mundo pode aprender com isso é que as pessoas precisam aprender a lidar e respeitar os outros, sejam homens ou mulheres. Meu maior aprendizado, além dos softwares, foi aprender a lidar com as pessoas”.

Depois que pôde entrar e se capacitar dentro do universo da tecnologia, Helida passou a ter muitos planos: “Agora eu tenho novas habilidades profissionais e, consequentemente, novos valores, novas ideias. Quero fazer administração ou contabilidade, para poder agregar o meu conhecimento com os softwares e abrir o meu próprio negócio”.